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"A música é companheira", diz sambista com síndrome de Down

A data 21 de março marca o Dia Internacional da Síndrome de Down; conheça histórias de pessoas com a síndrome que se destacam nas artes e no esporte

21 mar 2015 - 12h04
(atualizado em 22/3/2015 às 17h52)
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Dudu, o irmão e o cavaco autografado por Chico Buarque
Dudu, o irmão e o cavaco autografado por Chico Buarque
Foto: Reprodução

Aos 24 anos, Eduardo Gontijo já entendeu faz tempo que não é diferente por ter Síndrome de Down, mas por ser um jovem músico que tem muito claro o que quer. E ele tem tido sucesso nisso. 

Apesar da pouca idade, ostenta um longo currículo: domina cinco instrumentos – cavaco, banjo, pandeiro, repique e surdo -, faz parte de uma banda de samba, é integrante da bateria da escola de samba Embaixadores da Alegria - que toca na Sapucaí durante o Carnaval -, está gravando um documentário que conta sua história, já conheceu nove estados brasileiros com sua arte, tocou com nomes como Arlindo Cruz e Monobloco e tem não apenas um, mas dois cavacos, autografados por ninguém menos que Chico Buarque.

Achou pouco? Pois saiba que ele também faz aulas de teatro e dança. "Aprendi desde novo que ser diferente é normal”, disse, em entrevista ao Terra.

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Conhecido como Dudu do Cavaco, o mineiro é fã de samba e MPB. Desde bebê ficava de orelha em pé nas rodas de samba na família, que aliás é cheia de músicos.

Aos seis anos, já empunhava um pandeiro. Aos 12, já fazia parte do batuque semanal e passou a ser convidado a tocar fora de casa. Há seis anos, começou a fazer aulas de cavaco com o professor Hudson Brasil e, segundo seu irmão, o profissional criou um método em que transformava notas musicais em números para facilitar a aprendizagem de Dudu. 

Com o sucesso, ele se juntou à banda Trem das Onze e, com o grupo, se apresenta toda sexta-feira em Belo Horizonte, onde mora com a família. “Transmito meus sentimentos pelas cordas do cavaquinho e minha emoção através da música."

Mas como nem só de emoção e talento vive um músico de sucesso, a rotina de Dudu é puxada. O dia começa cedo com academia, teatro, aulas de dança e música, além de visitas à psicóloga. “A música sempre foi minha companheira”, diz.

Outro companheiro fiel de Dudu é Leonardo Gontijo, seu irmão mais velho. Ele é criador e coordenador do projeto Mano Down, que também deu origem ao livro Mano Down: Relatos de um Irmão Apaixonado. A dupla viaja o País dando palestras motivacionais regadas pela boa música tocada pelo mineiro.  

A história do Dudu é uma das milhares que merecem ser lembradas neste sábado (21), Dia Internacional da síndrome de Down.

A data, instituída na ONU por insistência do Brasil, marca o momento de parar para prestar atenção em todas as pessoas de forma igual. “Falo para as pessoas acreditarem em seus sonhos e que ser diferente é normal. É muito importante investir nessas pessoas que são muito capazes e têm muito a ensinar. São muito especiais e nos ensinam a essência do ser humano”, completa o músico.

<p>Dudu se apresenta toda semana com o grupo de samba Trem das Onze</p>
Dudu se apresenta toda semana com o grupo de samba Trem das Onze
Foto: Reprodução

O que é síndrome de Down?

A síndrome de Down não é uma doença, mas uma condição genética que em que a pessoa tem um cromossomo a mais no par de cromossomos 21. Em vez de 46 cromossomos, ela tem 47.

O diagnóstico é feito durante o pré-natal e a SD não é determinante em nenhuma raça ou nível cultural e ambiental. Ou seja, pode atingir qualquer pessoa. Segundo pesquisas, um dos únicos agravantes são filhos de mulheres que dão à luz após os 35 anos, idade que aumenta progressivamente as chances da condição aparecer.

Esta alteração determina algumas características físicas e cognitivas. A principal delas é o déficit intelectual, que pode vir seguido de possíveis outras más formações, como problemas cardíacos e falta de firmeza muscular. O Brasil não tem um levantamento preciso do número de pessoas que contêm a síndrome, mas estima-se que sejam 270 mil, média de um para cada 700 nascimentos.

Veja outras pessoas com síndrome de Down que se destacaram nas artes e no esporte:

Aline Fávaro Tomaz

Aos 31 anos, a paulista de Santo André é a primeira e única bailarina com síndrome de Down a dançar com sapatilha de ponta no Brasil.

Ela começou as aulas de balé clássico aos oito anos e, desde lá, já foi convidada a representar seu grupo e o País em congressos internacionais.

Sua história e conquistas deram origem a dois livros: A Eficiência na Deficiência, escrito pelos pais de Aline, e A Bailarina Especial, escrito por ela mesma.

Foto: Facebook / Reprodução

Ariel Goldenberg e Rita Pokk

Os atores, que se casaram em 2014, fazem parte do elenco do filme Colegas, vencedor do Festival de Gramado de 2012.

Na trama, Ariel é o protagonista Stallone que, ao lado de Aninha, interpretada por Rita, e Márcio (Breno Viola), deixa a instituição para pessoas com síndrome de Down onde vivem, rouba um carro e pega a estrada em busca de seus sonhos. Além de trabalharem como atores e diretores, eles também viajam dando palestras.

Foto:

Breno Viola

Breno Viola parece várias pessoas em uma só! Além de ator – ele também fazia parte do trio de protagonistas do filme Colegas -, ele é campeão de judô. O carioca é atleta do Flamengo e foi o primeiro com síndrome de Down a conquistar a faixa preta no continente americano.

Ele também desbravou competições internacionais, foi o primeiro a trazer uma medalha de fora do País e venceu a Special Olympics, torneio voltado para atletas com déficit intelectual.

O judoca, que divide seu tempo entre a arte, o esporte e a namorada Samanta, viveu recentemente também um dia de modelo ao ser uma das estrelas da campanha de inverno 2015 da grife Reserva.

Foto: Facebook / Reprodução

Edson Luis Passadore Neves

No mundo do esporte, Edson também é estrela. Em janeiro, o nadador de 37 anos arrasou nas piscinas do México e voltou do 7º Mundial de Natação Dsiso com quatro medalhas e ainda três recordes mundiais e cinco das Américas na bagagem.

Foto: Facebook / Reprodução

Emmanuel Joseph Bishop

Aos 18 anos, o americano Emmanuel toca violino brilhantemente e fala quatro idiomas: inglês, espanhol, francês e latim. Ele foi educado em casa pelos pais e sua desenvoltura e talento musical o levam a apresentações em todo o mundo.

Foto: Brian Ach / AFP

Pertti Kurikan Nimipaivat

Quatro finlandeses de idades bem variadas tocam juntos há seis anos na banda de punk Pertti Kurikan Nimipaivat (PKN). Todos os integrantes têm síndrome de Down e alguns são autistas.

A banda, que surgiu de um workshop para adultos com deficiência intelectual, participa de concursos e shows e, em 2009, foi protagonista do documentário The Punk Syndrome.

Foto: Facebook / Reprodução

Judith Scott

A americana é uma das únicas artistas plásticas com síndrome de Down reconhecidas no mundo das artes. Ela e a irmã gêmea nasceram em 1943 nos Estados Unidos, mas acabaram sendo separadas quando, convencida por médicos, a família a mandou para uma instituição para pessoas deficientes.

Ela viveu no local por 35 anos até ser resgatada pela irmã Joyce. Surda e muda, Judith descobriu seu talento já com mais de 40 anos, ao participar de aulas de arte no Creative Growth Art Center, na Califórnia.

Hoje, tem obras expostas nos Museus de Arte Moderna de Nova York e de São Francisco, além de centros em Paris, Praga e Dublin. Judith, que aparece na foto ao lado da irmã, morreu em 2005 aos 62 anos.

Foto: Facebook / Reprodução

Jamie Brewer

A atriz americana, conhecida por seu papel na série American Horror Story, fez história também no mundo da moda. Ela foi a primeira pessoa com síndrome de Down a cruzar a passarela da importante semana de moda de Nova York.

Na última edição, ela brilhou no desfile da estilista Carrie Hammer. "Meninas e mulheres jovens me olham e pensam que se eu consegui, elas também podem. É uma verdadeira inspiração ser um modelo para elas e as encorajar a ser quem elas são e se mostrarem assim", disse a jovem ao site Today no dia do desfile.

Foto: Reprodução

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Fonte: Terra
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