Patricia Zwipp /Ponto a Ponto Ideias A doença de Alzheimer é uma das formas mais comuns de demência. Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer – Regional São Paulo, estima-se que, em todo o mundo, mais de 35 milhões de pessoas sejam afetadas por ela. Só no Brasil, esse número já ultrapassa um milhão. Apesar de tão comentada, você sabe quais exatamente são seus sintomas, tratamentos e maneiras de evitar? Já ouviu dizer que um simples exame de sangue pode começar a prever com precisão o seu aparecimento? E que a solidão dobra o risco de desenvolvê-la? É por isso que o Terra reuniu algumas curiosidades e esclareceu as principais dúvidas sobre a doença com ajuda do neurologista Álvaro Pentagna e da geriatra Lilian Morillo, ambos do Hospital e Maternidade São Luiz, de São Paulo. Confira a seguir. Getty Images O que é? Alzheimer uma patologia degenerativa que compromete o sistema nervoso central, alterando áreas cerebrais. Alguns neurônios morrem devido ao excesso de glutamato, uma substância que faz com que o cálcio entre descontroladamente no interior do neurônio. Quais são as áreas afetadas? Uma das áreas cerebrais que a doença altera é o hipocampo, que responde pela memória. Também atinge outras regiões e compromete funções como fala, capacidade de atenção, coordenação motora. É mais comum em que idade? É uma doença característica dos idosos e há casos de pessoas entre 50 e 60 anos que já apresentam indícios. Pode ser confundida com outra doença? Várias patologias podem ser confundidas inicialmente com Alzheimer. Uma delas é a demência vascular, que costuma ter um início abrupto e um curso integral, ou seja, o paciente tem quadros alternados de piora e estabilização. No caso do Alzheimer, os problemas são mais lentos, pioram com o tempo. Quais são os sintomas? Entre os sintomas estão dificuldade de se lembrar, nomear objetos, dizer nomes de pessoas próximas, desenvolver uma conversa, além de desorganização geral para realização de tarefas, como, por exemplo, não conseguir fazer café porque não se lembra da ordem dos ingredientes. A lista também conta com alterações de comportamento, como apatia e desinteresse. Esquecimentos podem ser sinais de Alzheimer? Esquecimento leve, que não prejudica a rotina, não é sinônimo de Alzheimer. Deve-se ficar atento a alterações maiores, que atrapalham o dia a dia. Mas vale dizer que podem ser indício até de depressão. Como é feito o diagnóstico? O diagnóstico é baseado na história clínica e nos exames físicos e neurológicos. Assim, outras doenças vão sendo descartadas, como derrames. O tratamento tem base na redução do progresso da patologia, já que não tem cura. Aposta-se em remédios que atuam sobre a acetilcolina (envolvida nos processos da memória). Exercícios de lógica, por exemplo, também estimulam a área cerebral afetada. Como os familiares devem lidar com a doença? Os familiares não devem negar a situação e cobrar o paciente, perguntando “como você não lembra?”. Também não podem superproteger e impedir que ele faça qualquer tipo de atividade. A melhor medida é estimular, incluir nas festas, designar tarefas que possam cumprir, incentivar atividade física regular. Como evitar? Estilo de vida saudável pode ajudar a diminuir a chance de desenvolver a enfermidade, mas não há números concretos sobre a prevenção. Diagnóstico por exame de sangue Exame de sangue pode prever com precisão o aparecimento da doença de Alzheimer, de acordo com pesquisa da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos. Os cientistas mostraram que testes de nível de 10 gorduras no sangue permitiria detectar, com 90% de precisão, o risco de uma pessoa desenvolver a doença nos próximos três anos. Os resultados, publicados na revista Nature Medicine, passarão por testes clínicos maiores. Solidão aumenta risco de Alzheimer Solidão pode dobrar risco de Alzheimer. A pesquisa feita na Holanda, pela Sociedade de Alzheimer, investigou o assunto em mais de 2 mil pacientes e verificou que um em 10 solitários apresentou algum sinal de debilidade mental após três anos. Entre os mais ativos socialmente, a ocorrência foi de um em cada 20. E os riscos são maiores mesmo entre as pessoas que têm amigos, mas ainda assim se sentem solitárias. Falar ao celular melhora a memória Falar ao celular poderia melhorar memória e combater Alzheimer, segundo pesquisa da Universidade do Sul da Flórida, nos Estados Unidos. O estudo envolveu 96 ratos de laboratório, alguns deles geneticamente alterados para apresentar distúrbios parecidos com Alzheimer. O resultado verificou que a exposição às ondas eletromagnéticas dos celulares ajudou a impedir que alguns roedores desenvolvessem a doença e reverteu a perda de memória de outros. Também foi apontado um aumento na memória dos ratos sadios. Há 11 genes relacionados ao Alzheimer Um estudo que envolveu quatro grandes consórcios internacionais de pesquisa e analisou o DNA de quase 75 mil voluntários e descobriu 11 genes relacionados à forma mais comum da doença neurodegenerativa. Segundo os cientistas, os dados podem indicar medicamentos para ajudar a prevenir ou diminuir os efeitos da doença nos portadores ao focar no funcionamento desses genes. Andar lentamente pode ser sinal da doença A velocidade com que a pessoa caminha pode dar pistas sobre a probabilidade do aparecimento de demência em um período mais avançado da vida. Segundo pesquisa coordenada pela especialista Erica Camargo, do Boston Medical Center, nos Estados Unidos, andar lento pode prever Alzheimer. Alzheimer é mais comum que câncer de mama em mulheres com mais de 60 Mulheres com 60 anos ou mais têm uma em seis chances de ter Alzheimer e são duas vezes mais propensas a desenvolver a doença do que ter câncer de mama, segundo relatório da Associação de Alzheimer. Homens, em comparação, têm uma em 11 chances de apresentar a demência. Comer brócolis retarda progressão da doença Brócolis pode ser aliado na luta contra o Alzheimer, segundo cientistas da Universidade de Dundee, na Escócia. O sulforafano presente no vegetal e também encontrado na rúcula, couve e repolhos, foi definido como um importante agente de defesa do corpo e de células vitais do cérebro contra os radicais livres. Pílulas baseadas nesse composto podem ser ainda mais eficazes do que ingerir o próprio alimento. Espera-se que o produto possa retardar ou até mesmo parar a progressão da doença de Alzheimer. Azeite previne Alzheimer Azeite extravirgem pode ajudar a prevenir o mal de Alzheimer, de acordo com uma pesquisa da Universidade de Luisiana, nos Estados Unidos. O benefício vem do composto oleocantal, que parece aumentar a produção de proteínas e enzimas necessárias para remover beta-amiloide, cujo acúmulo no cérebro é um indício da doença. Insuficiência em vitamina D aumenta risco de Alzheimer Mulheres devem tomar suplementos de vitamina D, segundo dois novos estudos. É que as que não têm níveis suficientes da vitamina ao atingir a meia-idade apresentam maiores chances de desenvolver Alzheimer. A conclusão é do Hospital da Universidade de Angers, na França, e do Centro Médico VA, nos Estados Unidos. Jovens com mutação de gene são mais propensos a ter Alzheimer Jovens com mutação do gene presenilina 1 (PSEN1) são mais propensos a desenvolver a doença de Alzheimer precocemente, por volta dos 45 anos. Essa é a conclusão de uma pesquisa do Instituto Banner de Alzheimer e da Universidade de Boston, ambos nos Estados Unidos, e da Universidade de Antioquia, na Colombia. Entre os voluntários de 18 e 26 anos, os portadores da mutação apresentaram uma maior atividade em regiões do cérebro, como o hipocampo (envolvido na memória), além de menos massa cinzenta em certas áreas. O líquido cefalorraquidiano de participantes com a mutação tinha níveis mais elevados da proteína beta-amiloide, que está envolvida na deposição de placas amiloides no cérebro, um biomarcador chave de Alzheimer. Controlar a pressão diminui riscos da doença Controlar doenças vasculares, como hipertensão, aterosclerose e diabetes tipo 2, pode ser uma aposta para reduzir a prevalência da doença de Alzheimer. A conclusão é de especialistas internacionais que analisaram pesquisas recentes. O texto dos profissionais aborda a questão de que uma enfermidade vascular pode afetar o fluxo sanguíneo cerebral e contribuir para a demência. Lavar a louça reduz risco da doença até em idosos Se você foge dos serviços domésticos, está na hora de mudar de ideia. De acordo com uma pesquisa do Centro Médico da Universidade Rush, nos Estados Unidos, lavar a louça, cozinhar e limpar a casa podem ajudar a reduzir o risco de desenvolver Alzheimer, mesmo em pessoas com mais de 80 anos. Insônia dobra risco de Alzheimer Segundo uma pesquisa da Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, pessoas com dificuldade para dormir são duas vezes mais propensos a sofrer problemas de memória na velhice, característicos da doença de Alzheimer. Excesso de peso contribui para a doença Quilos extras na meia-idade podem ser mais prejudiciais do que imagina. Segundo uma pesquisa do Instituto Karolinska, em Estocolmo, Suécia, eles aumentam as chances de desenvolver Alzheimer e outras demências. Níveis de testosterona influenciam no surgimento do Alzheimer Baixos níveis de testosterona podem tornar homens mais propensos à doença de Alzheimer, principalmente se já apresentarem problemas de memória ou outros sinais de comprometimento cognitivo. Essa conclusão é de uma pesquisa da Universidade de Saint Louis, nos Estados Unidos. Parceiros de pacientes com Alzheimer têm mais chance de desenvolver a doença Uma pesquisa americana da Universidade Estadual de Utah afirma que o risco de desenvolver a patologia é seis vezes maior para quem tem parceiro com ela. Acredita-se que o estresse físico e mental de cuidar de alguém querido com Alzheimer possam causar danos duradouros no centro da memória do cérebro. Alzheimer está relacionado a problemas de visão Problemas de visão sem tratamento não prejudicam apenas as atividades corriqueiras dos idosos. De acordo com uma pesquisa da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, aumentam o risco de desenvolver Alzheimer. Mas qual é a relação entre a visão e a patologia? Atividades como leitura, jogos de tabuleiro e exercícios físicos diminuem as chances de Alzheimer, e dificuldades para enxergar podem dificultá-las. Estresse aumenta risco de Alzheimer O estresse faz parte da sua vida? Pois saiba que a presença desse incômodo na meia-idade pode aumentar o risco de mulheres desenvolverem demência, principalmente sob a forma da doença de Alzheimer, de acordo com um estudo da Universidade de Gotemburgo, da Suécia. Diabetes e depressão contribuem para o Alzheimer Um estudo americano, divulgado na publicação Journal of General Internal Medicine, constatou que adultos com diabetes e depressão maior (que têm a partir de cinco sintomas da doença por duas ou mais semanas) apresentam mais que o dobro de probabilidade de desenvolver demência em comparação com quem é apenas diabético. Dieta mediterrânea e exercícios diminuem riscos da doença Associar a dieta mediterrânea à atividade física promete menor risco de Alzheimer, segundo pesquisa divulgada na publicação da Associação Médica Americana. Nikolaos Scarmeas, da Universidade de Columbia, e mais um grupo de profissionais acompanharam idosos e constataram que os que colocavam o corpo em ação com frequência e seguiam a risca o cardápio obtiveram de 35% a 44% menos chances de apresentar a patologia em comparação com os de hábitos opostos. Falta de equilíbrio está relacionada à doença de Alzheimer Quedas e problemas de equilíbrio podem ser indicadores precoces da doença, segundo estudo da Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos. Até então, as quedas eram associadas apenas a estágios avançados de demência. mais especiais de saúde