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Mulher posta fotos de autópsias para "educar sobre a morte"

Nicole Angemi afirma que o intuito da conta é orientar as pessoas sobre a morte e mostrar como hábitos diários podem danificar o corpo

30 nov 2015 - 16h54
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A assistente de patologista acredita que algumas de suas fotos e postagens podem salvar a vida de alguém
A assistente de patologista acredita que algumas de suas fotos e postagens podem salvar a vida de alguém
Foto: Instagram / Reprodução

Aos 36 anos, a rotina de Nicole Angemi é abrir corpos e descobrir a causa da morte dessas pessoas. Entusiasta do que faz, ela arranjou um jeito de ensinar um pouco mais sobre a morte por meio de uma (polêmica) conta no Instagram. As informações são do The Mirror.

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A americana tem mais de 600 mil seguidores e posta fotos de algumas autópsias que faz. Ela exibe órgãos danificados por causa do cigarro, da má alimentação ou o que doenças como câncer podem fazer ao corpo. “Posso ver como alguém se comportou durante a vida. Quero que as pessoas vejam as consequências. Isso é real e pode te matar”, afirmou a profissional.

Ela conta que entrou para a área através da enfermagem, quando descobriu que gostava de tirar sangue e examiná-lo através do microscópio. “Fiquei fascinada com aquilo, especialmente com as partes dos corpos. As coisas se encaixaram e mudei meu curso para me especializar em trabalhos de laboratório. Um ano depois fiz minha primeira autópsia”.

Nicole se tornou assistente de patologista aos 24 anos e no decorrer do trabalho já se deparou com mortes naturais, suicídios e assassinatos. Antes de começar o trabalho, ela lê os documentos para saber o que aconteceu com a vítima 24 horas antes do óbito. “Procuro por dicas que indiquem o que estou procurando antes mesmo de abrir o corpo”.

Ela começa os procedimentos ao retirar o corpo do refrigerador. Quando ele já está na mesa, faz uma incisão no formato da letra "y", que começa em cada ombro e termina logo abaixo do estômago. Em seguida, Nicole remove os órgãos e examina um por um.

Nicole já está tão acostumada a conviver entre a vida e a morte que afirma com naturalidade almoçar no laboratório de vez em quando. O segredo para tanta “frieza”, como diriam alguns, é “desconectar os sentimentos”. “Ao fazer a autópsia de uma criança que tinha a mesma idade da minha filha, em que a causa da morte foi um câncer ou abuso físico, mantenho-me racional e penso que isso não acontecerá com a minha filha”.

Nicole mostra o coração de um feto; órgão cabia na palma de sua mão
Nicole mostra o coração de um feto; órgão cabia na palma de sua mão
Foto: Instagram / Reprodução

Coincidentemente, quando Nicole estava grávida de 38 semanas, chegou a receber o corpo de um bebê que morreu após 38 semanas de vida. Porém, ela não se sentiu abalada. “Digo a mim mesma, ‘isso não vai acontecer comigo’. Além do mais, é importante fazer meu trabalho para entender os ‘comos’ e 'por quês’. Os relatórios que produzo vão para departamentos importantes e os ajuda a entender a causa da morte”.

Mesmo após anos de experiência, a assistente de patologista conta que já se sentiu abalada ao se deparar com as vítimas de um acidente de carro, as quais tinham a mesma idade que os membros de sua família. “Você fica com isso na cabeça porque poderia ter acontecido, facilmente, com qualquer um de nós”. Ou quando teve que fazer a autópsia de uma mulher, com a mesma idade de Nicole, que havia morrido logo após o parto por erro médico.

O “choque de realidade” é o objetivo de Nicole, que mantém a conta no Instagram para ensinar os seguidores como as pessoas morrem. “Posto fotos de fumantes, pessoas que bebiam demais ou eram obesas. Minha paixão pessoal é mostrar fumantes: câncer de boca, mandíbula e pâncreas”, explica. “Recebo muitas críticas. Mas só estou tentando educar. O Instagram é a versão do século 21 dos antigos livros de medicina. Para mim, o mais importante não é o lado mórbido, é ensinar as pessoas sobre morte e doenças. Se você não gosta, não olhe”.

Apêndice de uma pessoa que sofria de obesidade mórbida
Apêndice de uma pessoa que sofria de obesidade mórbida
Foto: Instagram / Reprodução

Nicole explica que o critério usado na hora de escolher as imagens é simples: se for educativo entra, caso contrário, nem pensar. “Já deletaram minha conta diversas vezes. As pessoas acham que as imagens são ofensivas e me denunciam. Sempre tento respeitar as regras do Instagram de não postar conteúdo violento ou nudez e a própria rede social já me disse que não há nenhuma medida que se aplique a uma conta como a minha. Posso salvar a vida de alguém se perceberem que o cigarro ou hábitos alimentares podem matar”, afirma.

A controversa profissional acrescenta que adoraria continuar neste campo e talvez ter seu próprio aplicativo ou série na TV, para continuar ensinando por meio de sua técnica “moderna” nas redes sociais.

Fonte: Terra
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