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Americanos têm saúde pior do que habitantes de outros países ricos

9 jan 2013 - 22h43
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Os americanos têm saúde pior do que os habitantes de outros países ricos, pois costumam morrer mais cedo e, além disso, padecem de maior número de doenças, apesar de seu gasto em saúde per capita ser superior, revelou um estudo alarmante publicado esta quarta-feira.

"Os americanos morrem e sofrem em proporções que não se justificam, já que as populações de outros países com alta renda vivem mais tempo e gozam de melhor saúde", resumiu o doutor Steven Woolf, professor de Medicina da Universidade de Virgínia e presidente do grupo de dez especialistas independentes que redigiu este informe do Instituto de Medicina dos Estados Unidos.

Esta desvantagem no campo da saúde é constatada em todas as faixas etárias, do nascimento até os 75 anos. Até mesmo os americanos mais abastados, com nível de educação superior, renda elevada, estilo de vida saudável e que também contam com seguro médico parecem ficar doentes mais vezes do que seus pares de outros países ricos.

"Os resultados da nossa pesquisa nos surpreenderam", admitiu o doutor Woolf.

Este relatório é o primeiro a abordar diferentes doenças, enfermidades e comportamentos em todas as fases da vida nos Estados Unidos e as compara depois com os dados de outros 16 países considerados ricos, entre eles Austrália, Canadá, Japão e muitos países da Europa ocidental.

Neste grupo de países, os Estados Unidos ocupam o último lugar ou quase o último em nove aspectos chave da saúde pública.

São eles taxa de mortalidade infantil, baixo peso ao nascer, ferimentos, homicídios, gravidez na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis, prevalência de soropositivos com o vírus da Aids, mortes relacionadas a drogas, obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e pulmonares crônicas, assim como a taxa de pessoas incapacitadas.

Segundo o informe, um grande número de problemas afeta de forma desproporcional crianças e adolescentes.

Há várias décadas os Estados Unidos têm a taxa de mortalidade ao nascer mais elevada de todos os países ricos, assim como a proporção mais importante de nascimentos prematuros e mortes de crianças antes dos cinco anos.

Da mesma forma, os adolescentes americanos morrem mais frequentemente em acidentes rodoviários ou vítimas de homicídios.

Quase dois terços da diferença na expectativa de vida entre Estados Unidos e os outros países ricos pode ser atribuída às mortes antes dos 50 anos. "É trágico, os jovens americanos são tão afetados, senão mais, por essa desvantagem no campo da saúde", disse o doutor Woolf.

"Não acho que a maior parte dos pais saiba que, em média, os recém-nascidos, as crianças e os adolescentes nos Estados Unidos morrem mais e sofrem mais doenças e ferimentos do que seus pares em outros países avançados", emendou.

"Nosso grupo se preocupou com razões que durante décadas fizeram com que os americanos tenham estado distanciados na área da saúde", acrescentou o especialista, visto que as despesas em saúde por habitante são muito superiores nos Estados Unidos.

Assim, em 2011, o país dedicou à saúde 17,9% de seu PIB, ou seja US$ 8.700 dólares per capita, o que representa duas vezes mais do que a média na União Europeia (9% do PIB). A França, por exemplo, dedica a este setor 11,6% de seu PIB.

Além das carências do sistema de saúde e de mais de 35 milhões de americanos ainda estarem desprovidos de cobertura médica, os autores do estudo mencionam também fatores socioculturais. Neste sentido, explicam que os americanos têm maus hábitos alimentares e consomem comida demais.

Também são mais propensos a ter comportamentos de risco que aumentam suas chances de sofrer acidentes com ferimentos fatais.

Finalmente, o país conta com uma taxa de pobreza e de desigualdade social relativamente maior do que outras nações ricas e, além disso, está atrás no campo de educação juvenil.

O informe revela, no entanto, que os americanos morrem menos de ataques cerebrais e câncer. Eles controlam mais sua pressão arterial, sua taxa de colesterol e fumam menos. Quando passam dos 75 anos, sua expectativa de vida é mais elevada do que os demais.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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