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Estudo: câncer é resultado de causas externas, e não de azar

Novo estudo sugere que doença não se desenvolve apenas de forma aleatória, mas os hábitos do paciente também exercem grande peso

18 dez 2015 - 14h37
(atualizado às 19h00)
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A causa do aparecimento do câncer é motivo de polêmica entre cientistas
A causa do aparecimento do câncer é motivo de polêmica entre cientistas
Foto: Yale Rosen/Wikimedia Commons / BBC News Brasil

Um estudo realizado nos Estados Unidos sugere que o câncer é majoritariamente o resultado de fatores ambientais e hábitos, e não uma ocorrência aleatória.

No começo do ano, pesquisadores desencadearam um grande debate depois de sugerir que dois terços dos casos de câncer eram resultado de falta de sorte em vez de comportamentos pessoais - como fumar, por exemplo.

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Mas o novo estudo de uma equipe de médicos do Stony Brook Cancer Center, de Nova York, concluiu que apenas entre 10% e 30% dos casos de câncer são resultados da forma como o corpo funciona naturalmente, ou seja, da "sorte".

Especialistas afirmam que a análise, publicada na revista especializada Nature, é "bem convincente". "Fatores externos têm um papel importante, e as pessoas não podem se esconder atrás do azar. Elas não podem fumar e falar que é falta de sorte se tiverem câncer", disse à BBC Yusuf Hannun, diretor do Stony Brook.

"É como um revólver: o risco intrínseco é a bala. E se jogarem roleta russa, talvez uma em cada seis (pessoas) terão câncer - esta é a falta de sorte intrínseca. Mas o que um fumante faz é acrescentar duas ou três mais balas a esse revólver e puxar o gatilho. Ainda haverá um elemento de sorte, já que nem todos os fumantes desenvolverão câncer, mas eles aumentam as probabilidades contra si."

"De um ponto de vista de saúde pública, queremos remover o máximo de balas possíveis do tambor (do revólver)", acrescentou o médico.

Polêmica

O câncer surge quando uma das células-tronco do corpo começa a funcionar mal e se dividir descontroladamente.

Isso pode ser causado por fatores intrínsecos que são parte da forma inata como o corpo funciona, como o risco de mutações que ocorre cada vez que uma célula se divide, ou fatores externos como fumo, radiação de raios ultravioleta e muitos outros, que podem ainda nem ter sido plenamente identificados.

A polêmica gira em torno do peso dos fatores intrínsecos e dos fatores externos no desenvolvimento da doença.

Em janeiro, uma pesquisa divulgada na revista Science tentava explicar a razão de alguns tecidos do corpo serem milhões de vezes mais vulneráveis ao câncer do que outros.

A explicação foi o número de vezes que uma célula se divide - algo que não pode ser controlado e, por isso, deu origem à hipótese do "azar" relativo à ocorrência aleatória.

Neste mais recente estudo americano, a equipe de médicos do Stony Brook Cancer Centre abordou o problema a partir de perspectivas diferentes, incluindo modelos criados em computadores, dados populacionais e genéticos.

Segundo os pesquisadores, os resultados sugerem que entre 70% e 90% do risco é causado por fatores externos. "Eles forneceram provas bem convincentes de que fatores externos têm um papel muito importante em muitos cânceres, incluindo alguns dos mais comuns", disse Kevin McConway, professor de estatística aplicada da Open University, da Grã-Bretanha.

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