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Cientistas desenvolvem nanotransportador para radioterapia contra o câncer

3 mar 2016 - 14h06
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Cientistas do Instituto de Ciência de Materiais de Barcelona desenvolveram um nanotransportador baseado em nanotubos de carbono para radioterapia contra o câncer.

A pesquisa, com a qual colaboraram o Instituto Catalão de Nanociência e Nanotecnologia, o Instituto de Biologia Molecular e Celular do CNRS, da França, e o King's College, do Reino Unido, foi publicada na revista "Nanoscale" e faz parte do projeto RADDEL, dentro do programa Marie-Curie Initial Training Network (ITN), e está coordenado pelo investigador Gérard Tobías.

O RADDEL tem como objetivo desenvolver novas ferramentas de diagnóstico e tratamento por meio de nanocápsulas baseadas em nanotubos de carbono que transportam compostos de interesse biomédico em seu interior.

Os nanotubos de carbono tem aplicações como uso em materiais compostos para produtos esportivos, que já são comercializados. Além disso, são atrativos como nanoplataformas, no campo da biomedicina, com aplicações que vão desde próteses até o transporte de fármacos.

Neste campo, seu uso como transportador de radionuclídeos para aplicações de imagem e diagnóstico foi, até agora, muito limitada.

"A capacidade de combinar diagnóstico e tratamento não é exclusiva dos nanotubos e está sendo explorada com outros nanoveículos", explicou Tobias, embora reconhecendo que, na maioria dos casos, tanto o agente de diagnóstico como o de tratamento se ancoram à superfície da nanopartícula.

"A grande vantagem dos nanotubos é que, por serem tubulares, têm uma oco em seu interior no qual podem ser introduzidos compostos radioativos, de modo que estes não interagem com o meio biológico, e podem ser utilizadas as paredes externas para ancorar as moléculas-alvo", o que os transforma em ferramentas seguras e muito versáteis", disse o pesquisador.

Belén Ballesteros, cientista do Instituto Catalão de Nanociência e Nanotecnologia, acrescenta que "a possibilidade de incorporar compostos ao interior dos nanotubos é de especial interesse no caso de compostos que, 'a priori', são tóxicos para o organismo, já que diminuem a toxicidade dos mesmos".

No projeto, os cientistas combinaram as remodelações nas superfícies externa e interna dos nanotubos para projetar uma radioterapia voltada contra o câncer.

Para avaliar a eficácia do sistema "reconhecendo" as células cancerosas, foram realizados testes com células de glioblastoma humano primário, modificadas para sobre-expressar o receptor do fator de crescimento epidérmico.

Os resultados em testes pré-clínicos mostraram que o nanotransportador é capaz de se acumular seletivamente dentro das células cancerosas sem que se observasse nenhuma citotoxicidade.

Segundo os pesquisadores, estes resultados abrem a porta para o desenvolvimento de novos nanomateriais para aplicações biomédicas no campo do tratamento e diagnóstico do câncer.

Atualmente, o consórcio está realizando testes "in vivo" para estudar o comportamento, no interior do nanotubo, dos compostos equivalentes radioativos.

Sobre o futuro destas ferramentas, Tobías afirmou que toda a pesquisa do projeto RADDEL teve foco em estudos pré-clínicos, mas há a expectativa de levá-los adiante.

"Apesar de o projeto chegar a seu fim, a ideia do consórcio é conseguir financiamento adicional para poder avançar no desenvolvimento destas nanocápsulas até chegar a um uso clínico, com pessoas", explicou.

EFE   
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