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Cigarros eletrônicos são saudáveis? Leia sobre o assunto

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Deixar de fumar é uma tarefa cheia de dificuldades. São muitos os fatores que atam as pessoas a esse vício. O hábito, a fumaça carregada de nicotina que se introduz nos pulmões e se expira pela boca; o apoio diante de uma situação tensa ou, simplesmente, a mania de fumar bebendo um chope com os amigos. Como alternativa, o cigarro eletrônico é anunciado como método para deixar de fumar facilmente. Esta invenção tem a aparência de um cigarro normal e é composta por uma bateria e uma carga que pode conter ou não nicotina, de acordo com o gosto do usuário, além de outras substâncias, e tudo isso preparado com diversos aromas. A substância exalada é vapor de água, que, segundo os fabricantes, não afeta as outras pessoas.

As regulamentações dos diferentes países, utilizando as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), estão restringindo o consumo do cigarro comum na maior parte dos lugares públicos do mundo. Em consequência, a polêmica tomou as ruas entre os detratores do tabaco e seus defensores. Esse costume que foi introduzido na população mundial como algo natural e se tornou, em pouco tempo, um vício perseguido e considerado ruim.

Entre proibições da OMS e adequções do mercado, os órgãos sanitários se manifestam: são contra. Para o doutor Pere Gascón, Chefe do Serviço de Oncologia médica do hospital Clínic de Barcelona, "o que perpetua em grande parte o hábito de fumar é o ritual, a cerimônia de um ato social, obviamente além da nicotina, que se soma a tudo isso. O pior não é que coloque algo na boca, mas a quantidade de substância cancerígena que tem".

No ano de 2009, um relatório da Agência Americana para o Controle de Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) alertou para a presença nestes cigarros de substâncias cancerígenas e tóxicas como a nitrosamina e o dietilenoglicol. A FDA acusou cinco companhias de descumprir a lei com a seguinte referência: "realizam afirmações não comprovadas e recorrem a práticas de fabricação inadequadas". A OMS também advertiu que não existia nenhuma evidência que demonstrasse a segurança ou a eficácia destes cigarros.

Também em 2009, em setembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou no Diário Oficial da União que era proibido utilizar o aparelho no Brasil. O órgão vetou o "comércio e importação de qualquer dispositivo eletrônico de fumar, popularmente conhecidos como cigarros eletrônicos, e-cigarretes, e-ciggy e ecigar, entre outros". O documento ainda divulgou: "atinge especialmente os produtos que se apresentam como alternativa ao tratamento do tabagismo". A medida foi válida para todo o País e a anvisa "levou em consideração a falta de comprovação científica sobre a eficácia e segurança do produto".

Ainda de acordo com o órgão brasileiro, o dispositivo nunca teve registro no País. "A medida abrange ainda acessórios e refis destinados ao uso nos dispositivos, assim como a propaganda, a publicidade e a promoção, inclusive na Internet, desses produtos", apontou a resolução.

Para o médico espanhol, "parte da crítica feita nos Estados Unidos sobre várias marcas de cigarros eletrônicos ocorreram porque esses produtos não estão bem regularizados. Se transformou em algo muito lucrativo, mas quando não há uma regulação muito estrita não se sabe exatamente o quê se está fumando, e a FDA detectou substâncias cancerígenas".

Benjamín Westenberger, principal autor da pesquisa da FDA, manifestou então que "a maioria continha substâncias cancerígenas tão conhecidas como a nitrosamina".

Gascón explica que "se passaram dois anos desde que esse relatório foi elaborado e é possível que tenham mudado, mas o certo é que os cigarros ainda não passaram por um controle estrito para assegurar que não contêm nenhum produto cancerígeno".

No limbo da irregularidade

Os fabricantes dos cigarros eletrônicos asseguram que eles são menos prejudiciais que os convencionais, mas "o que se critica é que até agora não foram feitos estudos clínicos rigorosos que provem que com este produto as pessoas deixam de fumar, como ocorreu com os adesivos e as pastilhas de nicotina", explica Gascón.

Um estudo rigoroso obriga o produto a ser submetido a um exame durante um tempo extenso e sobre um número determinado de consumidores, para comprovar a percentagem de pessoas que se livram do vício ou quantas recaídas ocorrem entre os fumantes que utilizam esse método.

Para o investigador e oncologista espanhol, "todo mundo sabe que é impossível que existam resultados 100% positivos, mas o que a grande critica é que os cigarros não foram avaliados com o mesmo rigor exigido de outros produtos e acabam ficando nessa zona cinza dos produtos não regularizados".

De acordo com Gascón, "este método é muito atrativo para as pessoas, por exemplo, que estão comendo em um restaurante e não querem sair no inverno cinco vezes à rua para fumar. Desta forma é possível eliminar a ansiedade que causa o fato de não poder tirar do bolso o pacote e pegar o charuto para acender. Toda essa cerimônia é muito importante para o fumante". E completou: "embora os novos cigarros eletrônicos tenham eliminado, depois da advertência da FDA, as substâncias cancerígenas e supondo que não tenham mais nenhuma, ele perpetua o hábito de fumar porque permite seguir com o ritual do cigarro".

Força de vontade

Estes cigarros eletrônicos possuem alguns efeitos comprovadamente benéficos porque com eles não se inala papel, alcatrão e outras substâncias. "Como oncologista tenho que admitir que qualquer método com o qual possamos diminuir a inalação de substâncias cancerígenas tem que ser bem-vindo", afirmou Gascón.

Adesivos ou pastilhas com nicotina, acupuntura, tratamentos de psicologia, hipnose? Uma infinidade de métodos que estão ao alcance dos fumantes arrependidos. Mas, sobretudo, existe um elemento fundamental que não se vende em farmácias nem custa dinheiro: a força de vontade.

"O fundamental é que a pessoa tenha a vontade de deixar de fumar e não que eleja um método pensando unicamente em 'ver se funciona'. É como todas as coisas na vida, o que realmente serve é o poder da mente. É preciso querer primeiro e ter força de vontade, e depois buscar o método mais adequado a cada um de nós. Há muitas fórmulas, mas o mais importante é querer parar", acrescentou.

Os Estados Unidos é um dos países pioneiros na implantação de normas que proíbem o fumo em lugares públicos, restrições que foram se estendendo para outras áreas de convivência. Há 15 anos, os fumantes são colocados em cantos mais isolados.

O doutor Pere Gascón ainda disse que "o que finalmente fez a maioria da população americana deixar de fumar foi a pressão. Esta tensão de se sentir vigiado e controlado era tão forte que ajudava a pouca força de vontade. Isso foi determinante, porque não podiam viver se sentindo como pecadores".

Um homem utiliza um cigarro chamado Supersmoker, disponível no mercado holandês. A invenção tem a aparência de um cigarro normal, composto por uma bateria e uma carga que pode conter ou não nicotina
Um homem utiliza um cigarro chamado Supersmoker, disponível no mercado holandês. A invenção tem a aparência de um cigarro normal, composto por uma bateria e uma carga que pode conter ou não nicotina
Foto: EFE
EFE   
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