Chega ao Brasil tratamento a laser que combate atrofia vaginal da menopausa
A novidade trata a condição sem o uso de hormônios ou medidas paliativas
A atrofia vaginal é um problema característico da menopausa e prejudica a vida sexual, já que leva à perda de elasticidade, espessura e umidade do órgão. Mas um novo tratamento promete combater o problema sem o tradicional uso de hormônios ou medidas paliativas, como gel ou creme. Desenvolvido pela empresa italiana Deka, o Monalisa Touch é realizado por meio de um laser de CO2 fracionado.
“Infelizmente, a atrofia vaginal é uma condição subestimada e um tabu que pode trazer sofrimento. É importante que as mulheres procurem ajuda médica e saibam das opções de tratamento”, disse a ginecologista Vera Lucia da Cruz, professora da Faculdade de Medicina do ABC, que iniciou o primeiro estudo clínico da técnica no Brasil.
Segundo o fabricante, a aplicação não dura mais que 15 minutos e é indolor, ocorrendo apenas uma leve sensação de calor. É contraindicada para mulheres grávidas, que tenham doenças sexualmente transmissíveis ou que apresentem mudanças de citologia no último Papanicolau, inflamações da vulva ou doenças relacionadas à coagulação sanguínea.
Para o coordenador científico da Academia Internacional de Ginecologia Cosmética, o dermatologista italiano Nicola Zerbinati, que fez parte do Comitê Científico de análise do novo projeto, os resultados significam um retardo no relógio biológico da mulher em torno de 15 a 20 anos.
Confira abaixo entrevista com a ginecologista Vera Lucia e tire suas dúvidas sobre atrofia vaginal e o novo tratamento:
Terra - A atrofia vaginal traz que problemas à saúde da mulher?
Vera Lucia da Cruz – Ressecamento vaginal, perda da elasticidade, ardor, aumento de infecções vaginais, disúria (dor ao urinar), noctúria (urgência de urinar à noite), dispareunia (dor no ato sexual), sangramentos em casos acentuados e autoestima prejudicada.
Terra - Há estimativas de quantas mulheres sofrem de atrofia vaginal?
VLC - De acordo com publicações científicas, mais de 50% das mulheres do grupo estudado após três anos da menopausa apresentam atrofia vaginal.
Terra - A atrofia vaginal é exclusiva da menopausa?
VLC - Na maioria dos casos, é decorrente da queda hormonal estrogênica passados os anos da menopausa, mas pode-se encontrá-la em alguns casos de tratamentos radioterápicos e medicamentosos, por exemplo.
Terra - Normalmente, qual é o tratamento indicado para a atrofia vaginal?
VLC - O tratamento até hoje descrito para atrofia vaginal é a terapia hormonal, mas nem todas as mulheres podem fazer uso do medicamento. Pacientes com riscos de cânceres ginecológicos e doenças sistêmicas crônicas, por exemplo, apresentam contra indicações para a terapia hormonal.
Terra - Há maneiras de prevenir a atrofia vaginal?
VLC - Observa-se que vida sexual ativa e frequente, por estimulação e atrito da parede vaginal, pode retardar a atrofia vaginal, mas isso não vai impedir que, com o avançar da idade, o quadro se instale gradativamente.
Terra - Você iniciou o primeiro estudo clínico no Brasil do tratamento a laser da atrofia vaginal. Quais foram os resultados?
VLC - Iniciei o tratamento clínico há três meses. Doze mulheres receberam as aplicações de laser vaginal e apontaram melhora dos sintomas decorrentes da atrofia vaginal.
Terra - No seu estudo, foi encontrado algum resultado adverso?
VLC - Não, a resposta clínica esperada superou expectativas nos tratamentos realizados. Há, no entanto, a necessidade de estudos complementares para comprovar a segurança e a eficácia da técnica. Isso acontece para qualquer novo tratamento que entra em nosso País no ramo da medicina.
Terra - Como o laser age para trazer tais benefícios às mulheres?
VLC - O laser age na lâmina própria da parede vaginal (corresponde à derme da nossa pele), estimulando por efeito térmico a formação de fibras de colágeno, reticulares e elásticas.
Terra - A novidade é uma alternativa viável para as mulheres na menopausa? Qual é o valor médio das sessões?
VLC - É uma alternativa segura e viável para mulheres na menopausa, que podem se beneficiar de um tratamento não-hormonal. O custo é de cerca de R$ 1,5 mil por sessão.
Terra - O que determina a quantidade de sessões?
VLC - São reavaliados os parâmetros do tratamento a cada nova aplicação. Na maioria dos casos, resolve-se o quadro com duas sessões com intervalos de 45 dias entre elas. As atrofias acentuadas ou paredes vaginais que sofreram atrofia por mais anos seguidos podem necessitar da terceira aplicação. A resposta clínica favorável pode durar um ano ou até mais, se a paciente tem vida sexual ativa. Com o ressurgimento de sintomas será indicado novo tratamento.