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Com 271 kg, mulher tenta 'vaga' para cirurgia bariátrica

Mutirão cadastra 1,2 mil pessoas no Programa Multidisciplinar de Cirurgia Bariátrica, pelo SUS (Sistema Único da Saúde), do Hospital das Clínicas (HC) da Unicamp

12 mar 2014 - 17h43
(atualizado às 19h16)
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"Vai ser difícil perder, ou melhor, eliminar 27 quilos", comenta a dona de casa Vilma de Oliveira Gois, 46 anos, ao falar sobre os 10% de diminuição de massa corporal sugerido pelo médico para poder integrar a lista de pacientes destinados à cirurgia bariátrica, a chamada redução de estômago. Com 271 quilos, Vilma já sente a intercorrência de outras doenças, como a artrose, a afetar os joelhos: ela precisa de bengala para se locomover e, mesmo assim, com muita dificuldade. 

A dona de casa é uma das 1,2 mil pessoas que se inscreveram, nesta manhã de quarta-feira (12), no Programa Multidisciplinar de Cirurgia Bariátrica, pelo SUS (Sistema Único da Saúde), do Hospital das Clínicas (HC) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Os interessados foram recebidos entre as 8h e 12h, preencheram uma ficha com os dados pessoais, foram pesados e tiveram a altura medida.

De acordo com o coordenador do programa o gastrocirurgião Eliton Adami Chaim, a intervenção cirúrgica é o último recurso para a eliminação do excesso de peso, que provoca a obsedidade mórbida, depois de se esgotarem todas as iniciativas de eliminar os excessos. A obsesidade mórbida é uma doença crônica e traz consigo outras condições associadas, como hipertensão arterial, diabetes mellitus, síndrome metabólica e apneia do sono, explicou o médico. Já o excesso de peso, por sua vez, pode acarretar outras enfermidades, como danos em articulações e ossos, além de feridas. Em casos mais extremos, a pessoa sequer conseque levantar da cama.

Abóbora com carne moída por três meses

A professora Rose dos Santos, 48 anos, pesa 124 quilos e disse que já experimentou vários  tipos de regimes indicados para perder peso. "É um sacrilégio perder 3 quilos, quanto mais 12, ai que sacrilégio", comentou com a amiga, a dona de casa Benedita Alves de Oliveira, 58 anos, que está com 112 quilos. "Eu já fiz de tudo para emagrecer. A mais recente foi uma receita que achei na internet. Passei três meses comendo abóbora com carne moída. Perdi 3 quilos, mas abandonei depois. Hoje, não consigo olhar mais para qualquer tipo de abóbora", disse a professora. "Essas sopas disso e de aquilo, já experimentei de tudo e não aconteceu nada", falou a dona de casa. "O jeito é cortar o refrigerante, a manteiga, as frituras. Não é fácil, a gente sofre por ser gorda e precisar  emagrecer". 

A costureira Waldira Rodrigues de Olivera, 46 anos, pesa 136 quilos e 700 gramas. Ela trouxe um encaminhado de um clínico de Valinhos, município vizinho à Campinas, que a orientou a buscar a cirurgia bariátrica. Segundo ela, a sua "salvação" é a cirurgia de redução do estômago, já que apresenta vários tipos de doenças que surgiram assim que começou a ganhar peso. "Meu colesterol está alto, a minha tireóide já está reclamando, a gastrite faz algum tempo que não se manifesta, tenho artrose e parece que está calcificando o tendão do pé e outras que não lembro o nome, mas com a cirurgia do estômago acho que vou acabar com tudo isso", disse.

Menos 15 anos de expectativa de vida

Segundo o gastrocirurgião Eliton Adami Chaim, a literatura médica mundial admite que a obesidade mórbida leva à morte. A redução de expectativa de vida é de aproximadamente 15 anos. Por isso, serão encaminhados para a cirurgia somente aqueles que se enquadrarem à obesidade mórbida. Todos estão nesta condição ao alcançar o IMC (Índice de Massa Corporal) igual ou maior do que 40 ou maior do que 35 no caso de pacientes com doenças graves associadas. O IMC é calculado pelo peso dividido pela altura ao quadrado.

"A incidência de obesidade na população do Brasil fica entre 3% e 4%", disse o gastrocirurgião. Todos os anos, o HC da Unicamp recebe perto de 2 mil pessoas interessadas no programa de redução de peso. Segundo ele, todos os 1,2 mil inscritos agora serão chamados gradualmente e passarão por etapas de preparação para perder peso com equipes multidisciplinares, com psicólogos e nutricionistas, para uma introdução à novas atividades e hábitos de vida.

Já aqueles que forem submetidos à cirurgia bariátrica deverão, no decorrer da vida, ser acompanhados pelos clínicos e cuidar da reposição de vitaminas, além de ter alimentação regrada e nutricional. Segundo os especialistas, há relatos de riscos para os pós-operados, como infecções, desnutrição, anemia, nova compulsão por alimentos, alcoolismo e uso de drogas.

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Fonte: Especial para Terra
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