Bater três vezes na madeira sempre que falar sobre a morte, lavar as mãos o tempo todo e enfileirar objetos. Tudo bem, cada um tem suas manias, mas quando isso passa a ser frequente e interferir na rotina, pode ser um problema conhecido como Transtorno Obsessivo Compulsivo, ou TOC. Afinal, quem não se lembra do ator Jack Nicholson evitando pisar nas linhas das calçadas em Melhor É Impossível, filme indicado ao Oscar de 98? O transtorno vivido pelo personagem Melvin Udall é um problema real para milhares de pessoas e pode se manifestar de várias formas.
Sempre ligado a pensamentos negativos, os sintomas podem aparecer com obsessão por limpeza, acúmulo de objetos, repetições de atitudes e palavras, contagens ou até insegurança. “O caso mais grave que já presenciei foi um paciente que tinha compulsão por limpeza e tomava cerca de 40 banhos por dia com inúmeros sabonetes. Ele acreditava que o ar estava contaminado, então saia do chuveiro e já entrava de novo. A pele começou a rachar e sangrar”, conta a psicanalista Priscila Gasparini.
Mas afinal, qual a diferença de TOC e mania? O que causa o problema? O transtorno tem tratamento? Para responder essas e outras perguntas, o Terra contou com a ajuda de Priscila e da psiquiatra Ana Gabriela Hounie, do Programa Transtorno Obsessivo Compulsivo do Instituto de Psiquiatria do Hospital do Coração, e tirou as principais dúvidas sobre o TOC. Confira a seguir.
O que é o Transtorno Obsessivo Compulsivo?
É um transtorno de ansiedade que vem acompanhado de alterações de comportamento, preocupações excessivas e medo. “As obsessões são ideias que surgem na mente e as pessoas não conseguem tirar por mais absurdas que sejam. Já as compulsões são medidas que elas tomam para afastar essas ideias. O TOC é a união das duas. Por exemplo, para evitar que alguém morra, o paciente fecha a torneira oito vezes, mesmo que isso não faça o menor sentido”, explica Ana.
Qual a diferença entre TOC e mania?
Podem parecer iguais, mas TOC e mania agem de maneiras diferentes. As manias são comportamentos repetitivos, gerados por crenças ou superstições. Segundo Priscila, é normal ter algumas manias e elas até ajudam a organizar a rotina. “O problema, porém, é quando os sintomas se agravam e viram um TOC, caracterizado pela presença de obsessões ou compulsões recorrentes e tão severas para fazer com que o paciente passe a ocupar boa parte do tempo com elas, causando muito desconforto e comprometimento de seu cotidiano”.
É comum ter TOC?
Sim, o problema é mais comum do que se imagina. De acordo com Priscila, em média, um em cada 50 indivíduos apresentam TOC. No Brasil, estima-se que existem 3 a 4 milhões de portadores, mas muitos ainda não foram diagnosticados ou tratados, apesar de terem suas vidas e rotinas comprometidas gravemente.
Quais são as causas do TOC?
As causas da doença ainda são estudadas por especialistas, mas ela pode surgir por vários motivos, como fatores genéticos, psicológicos e culturais. “O TOC aparece com mais frequência em pessoas que já tiveram casos na família, principalmente de parente próximos. Além disso, também pode ter um fator ambiental. Por exemplo, se criança tem uma mãe com TOC, o filho tende a aprender e copiar o comportamento”, declara Ana.
Existe uma idade em que o problema aparece com mais frequência?
Sim. O TOC aparece com mais frequência durante a infância e anos, depois, na vida adulta. “O TOC muitas vezes se inicia entre 9 e 11 anos, mas a frequência maior se dá principalmente em indivíduos jovens até os trinta anos, podendo durar a vida toda”, afirma a psicanalista. Também vale lembrar que o problema é mais comum em homens.
Quais são os sintomas mais comuns?
Os sintomas do TOC são comportamentosvoluntários e repetitivos executados em resposta a regras criadas pelo paciente, que devem ser seguidas rigidamente. De acordo com as especialistas, os exemplos mais comuns são lavar as mãos, fazer verificações, contar, repetir frases ou números, alinhar, guardar ou armazenar ou repetir perguntas.
“As compulsões aliviam momentaneamente a ansiedade, levando o indivíduo a executá-las toda vez que sua mente é invadida por uma obsessão acompanhada de aflição. Nem sempre têm conexão realística com o que desejam prevenir. Por exemplo, alinhar os chinelos ao lado da cama antes de deitar para que não aconteça algo de ruim no dia seguinte”, avalia Priscila.
Como é feito o diagnóstico?
Assim que o paciente notar alguns sintomas da doença, deve procurar um psicólogo para avaliar o grau do transtorno.
Tem tratamento? Como é feito?
Sim, o TOC tem tratamento e é feito com uma combinação de medicamentos antidepressivos e psicoterapia. O tratamento começa a fazer efeito entre um e três meses e pode durar por anos, dependendo da gravidade do caso. Para alguns pacientes, com obsessões e compulsões mais graves, as medidas devem ser administradas por toda a vida.
O que causa a infecção urinária? A infecção urinária é a presença de bactérias no trato urinário, que vem acompanhada de alguns sintomas incômodos. Quando essa infecção acomete a bexiga é chamada de cistite e quando afeta os rins, pielonefrite. No geral, o problema é causado principalmente por germes vindos do intestino. Tanto que, segundo o urologista Milton Skaff Junior, da Beneficência Portuguesa, em 85% dos casos, o problema é provocado por uma bactéria intestinal chamada Escherichia coli
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Pode ser transmitida sexualmente? De acordo com o urologista Adriano Cardoso Pinto, do Hospital São Camilo de São Paulo, a causa mais comum da infecção urinária não é a transmissão sexual, mas sim uma transmissão ambiental. Ainda assim, vale tomar cuidado. "Mesmo que a transmissão por via sexual seja menos frequente, é preciso lembrar que toda vez em que existir uma bactéria em um dos parceiros, ela pode ser transmitida sexualmente. Se alguém tiver uma infecção urinária com um germe chamado clamídia, por exemplo, ela pode sim comprometer a via urinária e sexual", alertou
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Existem pessoas com predisposição a ter infecções urinárias? Sim. Há vários motivos que podem facilitar esse problema. Segundo o urologista Milton Skaff Junior, é preciso ficar atento com casos na família, já que os fatores hereditários aumentam as possibilidades, além da baixa resistência e doenças como aids, diabetes e câncer, que também são um agravante. "Outros fatores que estão associados à infecção urinária são uso de espermicidas, múltiplos parceiros, cálculo urinário, resíduo urinário elevado e uso de sondas urinárias"
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Quais são os sintomas? Dependendo do quadro da infecção, os sintomas podem variar. "Quando a infecção é inicial e só acomete a bexiga, os sintomas são ardência para urinar, aumento da frequência de ir ao banheiro urinar e urgência para urinar. Estes sintomas são típicos da cistite, ou seja, a infecção urinária que acomete apenas a bexiga e não os rins. Quando uma cistite se transforma em uma pielonefrite, ou seja, a infecção no rim, os sintomas são mais fortes e o quadro mais sério e potencialmente grave. Geralmente há febre, vômitos, dores nas costas e o estado geral fica muito comprometido", explica o urologista Conrado Alvarenga, do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo
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Como é feito o diagnóstico? A partir do momento em que o paciente apresentar sintomas da infecção urinária e tiver suspeitas do problema, é recomendado procurar um médico. No geral, o diagnóstico é feito por meio do exame de urina, que mostra a quantidade de germes presentes no trato urinário
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Por que a infecção urinária é mais comum entre as mulheres? Aproximadamente 15% ou 20% dos casos de infecção urinária são em homens e 80% afetam as mulheres, segundo o urologista Adriano Cardoso Pinto. E isso acontece porque o principal reservatório de bactérias do organismo é o intestino. "Como o ânus é muito próximo da vagina, essa região pode acabar colonizada com bactérias que acabam no sistema urinário. A distância entre o ânus e a vagina é muito menor que o ânus e o canal da uretra no pênis. E esse é o principal fator que diminui os riscos de infecção urinária nos homens", explica
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Qual o tratamento para a infecção urinária? Normalmente, o tratamento é feito com antibióticos e a escolha deve ser baseada no resultado do exame de urina. Nos casos mais leves, o medicamento pode ser ingerido por via oral. Já nos mais graves, devem ser administrados na veia
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O que acontece quando a infecção urinária não é tratada? Quando não tratada, a infecção tende a evoluir. "Uma infecção urinaria simples, como uma cistite, quando não tratada adequadamente ou no tempo certo, pode se transformar em uma pielonefrite, que pode gerar um quadro de infecção generalizada, conhecido como sepse. Além disso pode levar a formação de abscessos no rim", alerta Conrado
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Como evitar a infecção urinária? Apesar de alguns fatores contribuírem para o surgimento da infecção urinária, é possível prevenir o problema com algumas medidas. "As principais dicas são beber muita água - de forma que a urina saia de forma límpida -, urinar depois da relação sexual, não segurar urina por muito tempo e caso este seja um problema recorrente, procurar um urologista para investigar outros fatores que possam estar relacionados a infecção urinária de repetição", aconselha Milton Skaff Junior
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É verdade que a infecção pode causar alucinação em idosos? De um modo geral, pessoas com mais idade respondem de maneiras diferentes que adultos e crianças aos processos infecciosos. "É comum que idosos não tenham febre com infecções, por exemplo. O idoso com infecção urinária fica mais frágil. Se ele tiver alguma alteração cerebral, pode desencadear em alguma alucinação, mas isso não faz parte da infecção. É apenas uma reação diferente do organismo", disse Adriano Cardoso Pinto