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Epidemia de cólera na Tanzânia continuará a crescer de forma exponencial

22 mai 2015 - 10h48
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A epidemia de cólera entre os burundineses refugiados na Tanzânia, que afetou três mil pessoas e causou 31 mortes, cresce a um ritmo de 300 a 400 casos por dia, o pode significar um aumento exponencial no número de afetados nos próximos dias, alertou a ONU nesta sexta-feira.

"Tememos que a epidemia piore. Temos profissionais e material no local, fizemos o que deveríamos fazer, mas isto vai demorar para dar resultados e, enquanto isso, os casos aumentarão", disse nesta sexta-feira em entrevista coletiva Paul Spiegel, principal especialista médico do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

Mais de cem mil burundineses abandonaram o país nas últimas semanas pelas tensões políticas e pela violência desencadeada pela decisão do presidente do Burundi, Pierre Nkurunziza, de se candidatar a um terceiro mandato, excedendo os prazos previstos pela Constituição.

A situação é preocupante principalmente em Kagunga, um pequeno vilarejo de pescadores junto ao lago Tanganica, que separa ambos os países, e que registrou um aumentou da população de 11.382 pessoas para 90 mil desde abril.

Em Kagunga há cerca de 64 mil pessoas atualmente, 60% delas crianças, segundo Christoph Boulierac, porta-voz do Unicef, e lembrou que os menores de idade são mais vulneráveis à cólera do que os adultos.

Até o momento morreram 31 pessoas (dois nativos e 29 refugiados), e apesar de saber que o número aumentará nas próximas horas, Spiegel acredita que a situação possa ser controlada "em poucos dias".

A cólera é transmitida através de água e comida contaminada, e os surtos ocorrem de forma habitual em situações de aglomeração, como a que se vive em Kagunga.

O Acnur trabalha em parceria com Ministério de Saúde tanzaniano, Organização Mundial da Saúde (OMS), Unicef, Organização Internacional das Migrações (OIM), Cruz Vermelha e com a ONG Médicos sem Fronteiras no controle da epidemia, nos trabalhos de prevenção e na assistência dos pacientes.

Apesar do surto, as agências continuam com as mudanças dos refugiados de Kagunga para o campo de Nyagurusu, em Kasulu, onde as melhores instalações permitirão um tratamento mais adequado.

"Apesar da epidemia, os transferimos porque ainda chegam refugiados a Kagunga. O fluxo não para", explicou Spiegel.

O Acnur emitiu nesta sexta-feira um pedido humanitário de US$ 207 milhões fazer frente a um fluxo de 200 mil refugiados burundineses não só na Tanzânia, mas em toda a região.

Desde abril, cerca de cem mil burundineses abandonaram o país e se refugiam na República Democrática do Congo, em Ruanda, na Tanzânia e em Uganda, mas o Acnur estima que este número duplicará nos próximos seis meses.

Por enquanto, as agências não vacinaram os refugiados para focar nos trabalhos de prevenção e tratamento, mas Spiegel disse que o tema voltará a ser avaliado quando a epidemia tiver sido concluída.

A fuga dos burundineses começou no início de abril, antes mesmo do presidente Nkurunziza anunciar que voltaria a se candidatar às eleições presidenciais de junho para um terceiro mandato.

A decisão levou milhares de burundineses às ruas, em protestos violentos que causaram pelo menos 20 mortes e uma tentativa de golpe de Estado que fracassou na quinta-feira ao ser reprimida pelos setores do exército leais ao governo.

EFE   
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