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Estudo indica que aumentar lactação poderia evitar 800.000 mortes infantis

28 jan 2016 - 23h04
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Uma pesquisa médica revelou nesta quinta-feira que aumentar a lactação materna poderia prevenir mais de 800.000 mortes infantis e até 20.000 óbitos por câncer de mama a cada ano no mundo.

Estes resultados provêm de um estudo conduzido pelo pesquisador Cesar Victora, da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul, que foi publicado hoje pela revista britânica "The Lancet".

Segundo este relatório, uma de cada cinco crianças que vivem em países com rendas elevadas são amamentadas até os 12 meses, enquanto apenas uma de cada três de países com renda média e baixa se alimentam de leite materno durante os primeiros seis meses de vida.

Isto significa, segundo os pesquisadores, que milhões de bebês não recebem todos os benefícios saudáveis oferecidos pela amamentação.

Os novos dados demonstram que aumentar a lactação materna poderia salvar 800.000 vidas ao ano no mundo, equivalente a 13% das mortes de crianças com menos de dois anos.

Embora amamentar seja uma das medidas preventivas mais efetivas para crianças e mães, independentemente do lugar no qual vivam, foi subestimada como uma necessidade crucial para a saúde da população, ressaltaram os autores da pesquisa.

"Está estendida a ideia equivocada que os benefícios da lactação estão relacionados apenas com os países pobres. Nada mais longe da verdade", salientou Victora.

"Nosso trabalho claramente mostra que amamentar salva vidas e economiza dinheiro aos países, ricos e pobres por igual. Portanto, a importância de abordar o problema em nível global é maior que nunca", destacou o brasileiro.

O estudo de dados extraídos de 28 análises e meta-análises sistemáticas indica que amamentar não só tem múltiplos benefícios para a saúde, mas também efeitos dramáticos na expectativa de vida.

Por exemplo, nos países de rendas altas, a lactação diminui o risco de morte súbita do lactante em mais de um terço dos casos, enquanto nos países com rendas baixas seria possível evitar a metade dos episódios de diarreia e um terço das infecções respiratórias.

A lactação materna também aumenta a inteligência e pode proteger às crianças contra a obesidade e o diabetes no futuro, além de reduzir os riscos de câncer de mama e de ovários nas mães.

Por outro lado, existem razões econômicas para investir na promoção da amamentação, já que as perdas econômicas globais pelo desconhecimento dos benefícios desta prática somaram US$ 302 bilhões em 2012, 0,49% da renda nacional bruta mundial.

Em países com rendas acima da média estas perdas chegaram a US$ 231,4 bilhões, o que equivale a 0,53% das receitas nacionais brutas.

Além disso, os especialistas calculam que promover a amamentação para bebês com menos de seis meses a 90% nos Estados Unidos, China e Brasil, e a 45% no Reino Unido, reduziria os custos destinados ao tratamento de doenças infantis comuns, como pneumonia, diarreia e asma.

O sistema sanitário economizaria pelo menos US$ 2,45 bilhões nos Estados Unidos, US$ 29,5 bilhões no Reino Unido, US$ 223,6 bilhões na China e US$ 6 bilhões no Brasil.

Os autores defendem a necessidade de um compromisso político forte e de um investimento financeiro para proteger, promover e apoiar a lactação em todos os níveis (família, comunidade, trabalho e governo).

Além disso, pedem que se regule a indústria dos substitutos do leite materno, que debilita a prática da amamentação como a melhor via de alimentação durante a infância.

EFE   
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