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EUA criam programa contra o câncer inspirado na chegada à Lúa

7 fev 2016 - 19h18
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Após quase uma década de cortes, os pesquisadores sobre câncer nos Estados Unidos recebem com otimismo a ambiciosa iniciativa "Cancer moonshot", que o governo compara com a de 1961 desdobrada pelo presidente John. F. Kennedy para chegar à Lua.

O vice-presidente americano, Joseph Biden, pediu em outubro passado a mesma determinação para curar o câncer do que a para conquistar o espaço e desde esta semana está à frente de uma "missão" de US$ 1 bilhão para atingir o objetivo.

Com a iniciativa "Cancer moonshot" (lançamento à lua), o governo procura conseguir em cinco anos o progresso de uma década, com mais tratamentos disponíveis para os pacientes e mais capacidade para prevenir o câncer em estágios iniciais.

Biden, que perdeu seu filho mais velho em maio por um tumor cerebral, quer aproveitar seu último ano na Casa Branca para dar um novo impulso à luta contra o câncer e inspirar uma nova geração de cientistas a "traspassar os limites do possível", como fez Kennedy há 55 anos.

"O orçamento do Instituto Nacional do Câncer (NCI) em 2015 foi de US$ 4.95 bilhões, portanto 1 bilhão a mais terão um grande impacto, porque cada dólar conta", explicou à Agência Efe Sharon Stack, diretora do Instituto Harper de Pesquisa do Câncer na Universidade de Notre Dame (Indiana).

"No entanto, o 'moonshot' original, o programa Apolo, esteve dotado de 20 bilhões, o que hoje seriam mais de 100 bilhões ", acrescentou a médica.

O orçamento do "Cancer Moonshot", de US$ 1 bilhão, é aproximadamente o que custava o lançamento de uma nave espacial nos últimos anos do programa, que terminou em 2011.

Kennedy anunciou seu "moonshot" poucos meses após chegar à Presidência, mas Obama chega em seu último ano na Casa Branca e com o país imerso nas campanhas eleitorais mais intensas das últimas décadas.

A comunidade científica recebe com alívio os novos fundos e espera que com a nova iniciativa se mantenha uma linha de incrementos constantes no orçamento do Instituto Nacional de Saúde (NIH), que em dezembro do ano passado experimentou o primeiro aumento de orçamento em 12 anos.

Biden trabalhou para que o Congresso aprovasse um aumento de US$ 2 bilhões (6,6%) no orçamento do NIH dentro da lei de despesa que é financiada pelas agências federais até que conclua o ano fiscal 2016, em 30 de setembro.

"Desde 2008 muita gente ficou sem fundos para seguir com seus laboratórios e nos últimos dez anos as universidades conseguiram poucos pesquisadores jovens em câncer", explicou à Efe a espanhola Sonia Franco, professora de oncologia na Universidade Johns Hopkins (Baltimore).

Obama reconheceu em seu discurso do Estado da União em janeiro que o NIH não tinha tido o nível de recursos atual há mais de uma década e encarregou Biden do controle de uma missão que deve transformar os Estados Unidos "no país que irá curar o câncer de uma vez por todas".

"Buscar uma só cura para o câncer é algo que já foi abandonado. O câncer não é uma doença, são muitas e cada uma delas com subtipos diferentes. A tendência é o tratamento personalizado do câncer e individualizar é muito caro, é preciso investir muito em saber que câncer um paciente tem e como tratá-lo", explicou a médica.

"A mentalidade tradicional da ciência é de competição entre grupos, de não compartilhar dados. Mas isso está mudando e é muito bom que seja assim. Eu sou médica, portanto para mim a perspectiva é a cura, publicar é secundário", afirmou Franco.

O "Cancer moonshot" se desenvolverá de maneira imediata com a alocação de US$ 195 milhões para a pesquisa do câncer no NIH durante o atual ano fiscal, que conclui em 30 de setembro.

A partir de então, Obama espera contar com US$ 755 milhões adicionais para o NIH e a Agência de Alimentos e Remédios (FDA), dentro do orçamento de 2017, cuja proposta será apresentada na próxima terça-feira.

A comunidade científica e o governo confiam agora que o Congresso, controlado pelos republicanos e obstrucionista com as medidas de Obama, ampliará os fundos para o câncer, uma doença que deve matar 600 mil pessoas neste ano em Estados Unidos.

EFE   
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