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Evolução "darwiniana" permite que tumores se adaptem a tratamentos

15 out 2014 - 15h23
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Uma "evolução darwiniana" permite que os tumores se adaptem aos tratamentos, mecanismo bem conhecido nas infecções e sua resistência aos antibióticos e que pela primeira vez foi descoberto em pacientes com câncer de mama.

A pesquisa, que será publicada em breve na revista "Nature", foi apresentada nesta quarta-feira pelo espanhol José Baselga, diretor médico do Memorial Sloan-Kettering Câncer Center, em Nova York, que participa do simpósio internacional "Tratamentos oncológicos avançados", organizado pela Fundação Ramón Areces.

O trabalho se baseia no estudo de um grupo de pacientes com câncer de mama e mutação no gene PI3K em que o tratamento deu resultado, fora uma mulher cujo tumor cresceu com muita virulência e que morreu em dez meses, disse Baselga, presidente da maior organização científica de câncer do mundo, a Associação Americana de Pesquisa do Câncer (AACR, sigla em inglês), com 34 mil integrantes de mais de 90 países).

A autópsia do tumor no recém-criado serviço de autópsias rápidas do centro nova-iorquino permitiu observar 20 áreas com tumor, como pulmão, gânglios linfáticos, entre outras. Em algumas, as células malignas proliferaram e outras ainda respondiam ao tratamento.

Na continuação, foi feito um sequenciamento dos lugares por onde progrediam e foi descoberto que todos eles tinham a mutação de um novo gene, o PTEN.

"O fascinante era ver que em cada lugar onde tinha crescido a mutação era distinta, mas todas levavam a uma perda da proteína que faz com que o remédio deixe de funcionar", disse o oncologista.

Definitivamente, há "uma evolução darwiniana" que permite ao tumor se adaptar aos tratamentos, segundo Baselga.

O tumor da paciente morta também foi injetado em ratos - as células cancerosas continuavam crescendo - e quando a equipe de pesquisadores combinou um tratamento contra o PTEN e o PI3K, estas desapareceram.

"Podemos criar tratamentos para prevenir esta resistência. Vamos começar um estudo clínico combinando os inibidores de ambos (PTEN e PI3K)", disse.

A maneira de atacar estes tipos de câncer é a criação de remédios para diminuir os níveis de receptores. Já começaram os testes clínicos e o centro de oncologia espanhol criou uma empresa que já trabalha com moléculas.

"Estamos definindo os mecanismos de resistência, não é uma tarefa fácil, mas começamos a ter um mapa de como estudá-lo", concluiu .

EFE   
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