Conheça a história da Aids e veja a evolução nos tratamentos, novas pesquisas, possíveis curas e estimativa do fim da epidemia. Danielle Barg Fábio Santos Michelle Achkar/ Especial para o Terra No dia 5 de junho de 1981, o mundo ouvia falar pela primeira vez do vírus da Aids. A doença que revolucionou o modo das pessoas se relacionarem sexualmente foi responsável por uma das maiores corridas científicas da história da humanidade. Veja, a seguir, momentos e influências do vírus da Aids nos últimos 32 anos. 1977 Morria a pesquisadora dinamarquesa Margrette P. Rask. Ela esteve na África estudando o Ebola e começou a apresentar diversos sintomas estranhos, como a presença de microrganismos no pulmão que causaram uma forte pneumonia. Apesar da suspeita de AIDS, a doença ainda não havia sido catalogada na época. Foto: Getty Images 1981 No dia 5 de junho de 1981, o Centro de Doenças de Atlanta, nos Estados Unidos, descobriu em cinco jovens homossexuais uma estranha pneumonia que até então só afetava pessoas com o sistema imunológico muito debilitado. A doença, posteriormente, veio a ser denominada como Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Sida), ou Aids, quando traduzida para o inglês. Foto: Getty Images 1982 No Brasil, os primeiros sete casos foram confirmados e ocorreram em São Paulo. A Aids já havia sido relatada em 14 países ao redor do mundo. Foto: Getty Images 1983 Ocorre a primeira conferência sobre a doença, em Denver nos EUA. Os óbitos em todo o mundo começam a alarmar a classe médica. Foto: Getty Images 1984 Com a descoberta do retrovírus causador da síndrome, o mundo passa a adotar o nome HIV para se referir ao agente causador da Aids. Foto: AFP 1985 O mundo todo começa a usar um teste de metodologia imunoenzimática para o diagnóstico pelo vírus HIV. Esse avanço foi fundamental para a diminuição de casos de transmissão por doação de sangue, por exemplo. Foto: Arte Terra 1985 O ator Rock Hudson morre aos 59 anos e se torna a primeira celebridade importante dos EUA a morrer de complicações em decorrência da Aids. Foto: Getty Images 1986 O mundo realiza a segunda Conferência Internacional de Aids. Pela primeira vez o medicamento antiviral AZT (azidotimidina) é apresentado. Foto: Getty Images 1986 O sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que sofria de hemofilia (deficiência que impede o corpo de controlar sangramentos) confirma ser portador do vírus da Aids e funda a Abia - Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids. Foto: Arte Terra 1987 Em todo o mundo, mais de 62 mil pessoas já haviam morrido após serem diagnosticadas com o vírus da Aids. Foto: AFP 1988 Morrem os dois irmãos de Betinho, também hemofílicos e com Aids: o jornalista e cartunista Henfil e o músico Chico Mário. Foto: Arte Terra 1988 A OMS institui o dia 1º de Dezembro como o Dia Mundial da Aids. Foto: Getty Images 1988 O AZT se torna mais acessível e novas drogas para o combate dos sintomas da Aids chegam ao mercado. Foto: Arte Terra 1988 No dia 20 de julho, aos 32 anos, o ator Lauro Corona morre em decorrência da doença. Era padrinho da atriz Cléo Pires. Foto: Arte Terra 1990 Morre o cantor Cazuza, um dos principais nomes da música brasileira na década de 1980. No mesmo ano é fundada a associação Viva Cazuza. Foto: Flavio Colker /Divulgação 1991 Magic Johnson, jogador da NBA, anuncia que é portador do HIV. O cantor britânico Freddie Mercury morre aos 45 anos em decorrência dos agravamentos da doença. Ele falece 24 horas após anunciar publicamente que sofria da doença. Foto: Getty Images 1992 A FDA apresenta o DDC (dideoxicitidina) em combinação com o AZT para o tratamento dos sintomas da AIDS. A droga tem ação antiviral e foi indicada para pacientes em estágios avançados da doença e para os que eram intolerantes ao AZT. Foto: Arte Terra 1992 O ator Anthony Perkins, que viveu o personagem Norman Bates no suspense Psicose, de Alfred Hitchcock, morre de pneumonia em decorrência da Aids. Dois anos antes, ele soube que era soropositivo ao ler um artigo no tabloide National Enquirer, que teve acesso a resultados de exames de saúde que o ator fez para diagnóstico de outras doenças. Foto: Getty Images 1993 Morrem o bailarino russo Rudolf Nureyev (foto) e o tenista Arthur Ashe. Foto: Getty Images 1994 Pela primeira vez os medicamentos do coquetel contra a Aids apresentam uma queda significativa no número total de mortalidade. Foto: Getty Images 1995 É aprovado o uso do Saquinavir, uma nova droga para o combate da doença, um antirretroviral que inibe a atividade da protease, o que impede a disseminação do HIV. Foto: Getty Images 1996 Magic Johnson volta a jogar basquete profissionalmente. Foto: Getty Images 1996 No Brasil, foi realizado o 1º Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e Aids. Foto: Arte Terra 1996 No dia 11 de outubro, o cantor e compositor Renato Russo morre pesando apenas 45 kg. Ele era soropositivo desde 1989. Foto: Flavio Colker/EMI/divulgação 1996 O Brasil implementa programa para oferecer o coquetel anti-HIV para toda a rede pública de saúde. Foto: Arte Terra 1997 Em 9 de agosto morre Betinho, após 11 anos de convivência com o vírus. O sociólogo foi vitima de Hepatite C. Foto: AFP 1998 Estudo aponta que a combinação de parto tipo cesariana e AZT reduz os riscos de transmissão do HIV da mãe para o bebê para menos de 1%. Já no caso de partos naturais, a droga tem menor eficiência, e o risco de é 6,6% do bebê ser infectado. Foto: Getty Images 1999 Até este ano, cerca de 155 mil casos de Aids foram registrados no Brasil. O ano foi o que registrou o maior número de mortes em decorrência da doença desde sua descoberta, com 2,6 milhões, de casos em todo o mundo. Segundo as Nações Unidas, 33 milhões estavam infectados em todo o globo à época. Foto: Getty Images 2000 Segundo estimativa do Banco Mundial feita em 1993, o Brasil chegaria ao ano 2000 com cerca de 1,2 milhões de infectados, mas a instituição refez a previsão e aponta que cerca de 600 mil podem ter o vírus, sendo que quase metade não sabe. Foto: AFP 2001 Foi criado o Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária pelas Organização das Nações Unidas. A Comissão de Direitos Humanos da ONU aprovou a resolução que reconhece o acesso a antirretrovirais como direito humano. Foto: AFP 2002 Mulheres passam a corresponder a metade dos infectados pela doença em todo o mundo Foto: Getty Images 2002 Pesquisadores suíços divulgaram que um paciente foi novamente infectado pelo HIV, dois anos após ter contraído o vírus em relações sexuais sem proteção Foto: Arte Terra 2003 Foi diagnosticado o primeiro caso de transmissão do HIV entre duas parceiras do sexo feminino. Médicos sugerem que a contaminação aconteceu devido ao compartilhamento de objetos usados em relações sexuais Foto: Getty Images 2004 O Ministério da Saúde divulga que aumentou em 50% o número de homens com mais de 60 anos que contraíram o vírus e a causa para o crescimento é o uso do medicamente Viagra, lançado em 1998 Foto: Getty Images 2005 O filho mais velho de Nelson Mandela, Makgahto L. Mandela, morre aos 54 anos em decorrência do vírus da Aids, em janeiro, em uma clínica em Joanesburgo Foto: AFP 2006 O bilionário Bill Gates anuncia que vai deixar o comando da Microsoft para se dedicar exclusivamente à The Gates Foundation, a maior entidade privada de combate à doença. Ele deixa o cargo de diretor da empresa que fundou em 2008, após dois anos de transição Foto: Getty Images 2007 Cientistas das Nações Unidas admitiram que exageraram nas previsões sobre o crescimento dos casos de Aids no mundo. A expectativa era de que 40 milhões de pessoas estivessem infectadas, mas a organização baixou esse número para 33 milhões. O número de novos casos por ano também foi revisto e segundo novos levantamentos é 40% menor do que a previsão anterior Foto: Getty Images 2008 Um novo medicamento destinado a pacientes portadores do vírus HIV foi lançado, como o nome comercial de Celsentri, que tem como princípio ativo uma substância chamada maraviroque, destinada especialmente àqueles que desenvolvem resistência ou que não toleram tratamentos convencionais, como o coquetel antiaids. Foto: AFP 2009 Pesquisadores Americanos divulgam que conseguiram mapear o genoma completo do vírus tipo HIV-1, o tipo mais comum Foto: Getty Images 2010 São divulgados os resultados dos primeiros testes feitos com a droga antirretroviral TDF/FTC, batizada Truvada, que diminuiu em 43,8% as infecções entre homens que tomaram uma dose diária do antirretroviral quando comparados com um grupo ao qual foi administrado um placebo. Foto: Arte Terra 2010 Os países com maior número de pessoas com Aids são África do Sul (5,6 milhões), Nigéria (3,3 milhões) e Índia (2,4 milhões). Foto: AFP 2010 Dos 25 países que possuem o maior número de pessoas vivendo com HIV, o Brasil é o que mais conseguiu prolongar a vida dos pacientes por meio do tratamento. Foto: Arte Terra 2011 Foi lançado em maio o antirretroviral genérico Tenofovir, produzido por um laboratório brasileiro. Com o medicamento, 10 dos 20 antirretrovirais oferecidos pela rede pública serão fabricados no Brasil. Foto: Getty Images 2012 Especialistas dos EUA aprovam pílula preventiva contra aids, por meio da adoção da droga Truvada. O medicamento, antes desta decisão, era opção de tratamento para soropositivos em combinação com outras drogas antirretrovirais. Resultados de estudos de referência publicados em 2010 demonstraram que a droga, fabricada pela Gilead Sciences, ajudou a repelir o HIV em homens homossexuais que adotam comportamentos de risco de 44% para quase 73%. No entanto, a decisão levantou questionamentos. Primeiro porque a pílula é cara - custa até US$ 14 mil ao ano - e segundo porque poderia provocar um aumento na prática de sexo sem proteção e em uma retomada nos casos de Aids. Foto: Getty Images 2012 Cai o número de mortes em decorrência do vírus da Aids no Estado de São Paulo, segundo a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). Em 2010, foram registradas 3.141 mortes pelo vírus no Estado. Em 1995, ano de maior mortalidade em decorrência da doença, ocorreram 7.739 casos fatais. Entre 1985 e 2010, 97.494 pessoas morreram devido à contração da Aids. Foto: Getty Images 2012 Cientistas americanos desenvolvem anel intravaginal para combater a Aids. A alternativa se mostrou eficiente para brecar a transmissão do vírus HIV. A pesquisa foi apresentada pela Associação Americana de Cientistas Farmacêuticos, em Illinois, nos Estados Unidos. O aparelho é composto por tubos plásticos que absorvem água e liberará doses de tenofovir (TFV), uma droga que impede que o vírus da imunodeficiência humana (HIV) se instale no corpo. Foto: Getty Images 2012 Durante a conferência da Sociedade Internacional da Aids (IAS), uma das principais sobre o tema, a OMS projetou uma geração livre do vírus da Aids. Na ocasião, médicos americanos expuseram os casos de dois pacientes contaminados pelo HIV que não apresentavam mais vestígios do vírus após um transplante de medula para tratar leucemia. Além disso, alguns bebês nascidos soropositivos, que receberam medicamentos antirretrovirais nos primeiros dias de vida, também não mostravam qualquer sinal do HIV, mesmo depois de 15 meses sem medicação. Foto: Getty Images 2013 Uma vacina experimental contra a Aids conseguiu livrar um grupo de animais do vírus da imunodeficiência símia (SIV, similar à "versão" humana, o HIV). O resultado também se mostrou duradouro: alguns dos animais já estão há três anos sem sinais do SIV e isso, afirmam os cientistas, pode persistir por toda a vida deles. O estudo foi divulgado na revista especializada Nature. Foto: Getty Images 2013 Pela primeira vez, cientistas conseguiram determinar a estrutura de um dos dois co-receptores utilizados pelo vírus HIV para entrar no sistema imunológico dos humanos. Com isso, ampliou-se a esperança em se desenvolver medicamentos mais potentes contra a doença. O CCR5, um receptor que fica na superfície das células humanas, é uma das duas principais formas de entrada que o vírus aproveita para iniciar um ataque ao sistema imunológico. Foto: Getty Images 2013 Um grupo de cientistas suíços elaborou o primeiro mapa de resistência humana ao vírus da Aids, que mostra a defesa natural do corpo contra a doença. O avanço representa um novo caminho para a criação de tratamentos personalizados. Com a descoberta, os pesquisadores puderam identificar mutações genéticas específicas, um sinal que reflete os ataques produzidos pelo sistema imunológico. Foto: Getty Images 2013 Em evento realizado em São Paulo, o diretor-adjunto do Programa de Aids das Nações Unidas (UNAids) e subsecretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Luiz Antonio Loures, estimou que a epidemia da doença deverá ter fim em 2030. "A minha perspectiva pessoal não é uma estimativa institucional da UNAids, mas eu acho que 2030 é um alvo razoável para pensar sobre o fim da epidemia. Se tomarmos em consideração a experiência histórica, o tempo que levou a expansão dos tratamentos dá um bom parâmetro de pensar que, talvez, 15 anos seja um tempo razoável [para o fim da epidemia]", disse em palestra durante evento no Hospital das Clínicas, na capital paulista. De acordo com Loures, até o ano de 2015 será possível eliminar globalmente a transmissão horizontal do vírus, ou seja, de mãe para filho. Foto: Getty Images 2013 Cientistas americanos conseguiram capturar a imagem mais clara até agora de uma proteína que permite que o vírus do HIV ataque as células do sistema imunológico humano. Os especialistas do Instituto de Pesquisas (TSRI, na sigla em inglês) e da Universidade Weill Cornell Medical College conseguiram obter uma visão detalhada da estrutura atômica da proteína que envolve o HIV, vírus da imunodeficiência humana adquirida. A descoberta seria mais uma esperança na busca por uma vacina contra o vírus. Foto: Getty Images 2013 O Brasil foi elogiado pela ONU por seu pioneirismo na luta contra a Aids, ao anunciar que oferecerá tratamento a todos os portadores do vírus HIV, independentemente do estágio da doença. Soropositivos passarão a receber medicamentos antirretrovirais assim que a doença tiver sido diagnosticada. Até agora, o País vinha oferecendo tratamento antirretroviral pela sua rede pública apenas quando a contagem das células de defesa (CD4) do paciente alcança níveis abaixo de 500 células por milímetro cúbico de sangue. Com o anúncio do Ministério da Saúde, o Brasil passou a ser o primeiro país em desenvolvimento a oferecer terapia com retrovirais a todos os pacientes assim que a doença for diagnosticada. Foto: Getty Images mais especiais de saúde