Médicos colombianos iniciam pesquisa sobre seqüelas neurológicas do zika
Neurologistas colombianos iniciaram neste sábado uma pesquisa para identificar as sequelas do zika vírus no sistema nervoso humano através de uma nova rede de estudo e pesquisa criada na Universidade do Vale, na cidade de Cali.
A formação deste grupo de especialistas, que trabalham na Colômbia e nos Estados Unidos, foi anunciada durante o XII Congresso Colombiano de Neurologia, realizado nos últimos dias 25 e 26.
Ali, o diretor do centro de pesquisa em mielite da Universidade Johns Hopkins, Carlos Pardo Villamizar, e a decana da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Icesi de Cali, Yuri Takeuchi, deram detalhes sobre o projeto.
"É um estudo colaborativo centrado na Universidade do Vale, lugar onde realizamos os testes de laboratório para estabelecer o diagnóstico do zika, ao que também se uniram universidades de Cúcuta, Santander, Antioquia, Barranquilla e Bogotá, além de colegas neurologistas interessados na pesquisa", explicou Pardo à Agência Efe.
Takeuchi destacou que o estudo está centrado nas consequências em adultos que se relacionaram com o vírus do zika, como a encefalite, a síndrome de Guillain-Barré e a mielite, mas também há um grupo interessado nos efeitos da doença em mulheres grávidas e seus filhos.
O grupo, que foi batizado como Estudo de Neurovírus Emergentes nas Américas (NEAS), começou a colher dados e a analisar os casos mais significativos do zika no país, dentre os 42.706 já confirmados pelo Instituto Nacional de Saúde (INS) da Colômbia.
De acordo com Pardo, até o momento o grupo de pesquisa chegou à hipótese de que o vírus "pode estar provocando uma reação imunológica que produz doenças inflamatórias no sistema nervoso central ou no sistema nervoso periférico".
Além disso, Pardo afirmou que o NEAS também cogita que o zika "possa estar atacando de forma direta áreas ou estruturas do sistema nervoso como os nervos periféricos, mas é ainda uma parte da pesquisa".
No entanto, o diretor do centro de pesquisa em mielite da Johns Hopkins declarou que, se for confirmada a relação direta entre este vírus e doenças neurológicas, "a agressividade do zika é muito maior que a da dengue e pode ser maior que a da chicungunha".
"Uma das observações é que os problemas que presumimos que estão associados à infecção por zika pode produzir com mais frequência problemas neurológicos do que a dengue", explicou à Efe.
O vírus do zika é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor da chicungunha e da dengue.
O zika está atualmente presente em grande parte de países da América Latina e do Caribe e, apesar de causar sintomas leves entre a maior parte dos infectados, preocupa especialmente por sua provável relação com casos de microcefalia em recém-nascidos e a síndrome neurológico de Guillain-Barré.