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Médicos fazem primeiro transplante com 'coração morto'

24 out 2014 - 16h44
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Cirurgiões na Austrália realizaram o primeiro transplante cardíaco usando um coração tecnicamente morto.

Os corações usados em transplantes normalmente são retirados de pacientes com morte cerebral, mas ainda com batimentos cardíacos.

Desta vez, porém, os médicos do St Vincent's Hospital, em Sydney, ressucitaram e transplantaram órgãos que haviam parado de bater até 20 minutos antes.

A técnica envolveu uma máquina que os médicos batizaram de "heart-in-a-box" (coração em caixa), que mantém o órgão aquecido. Os batimentos são então restaurados e fluidos e nutrientes são injetados para reduzir o dano muscular.

A primeira paciente a receber um transplante usando a técnica foi Michelle Gribilas, de 57 anos.

"Agora sou uma pessoa totalmente diferente", disse a mulher, que recebeu o coração dois meses atrás. "Me sinto como se tivesse 40 anos. Tenho muita sorte."

Desde então, duas outras cirurgias semelhantes foram realizadas.

A equipe responsável pelos experimentos estima que a técnica do "coração em caixa", que está em testes em todo o mundo, pode elevar em até 30% o número de vidas salvas por transplantes, devido à maior disponibilidade de órgãos.

"Esse avanço representa um passo na redução da falta de órgãos", disse o chefe da unidade de transplantes do hospital St Vincent's, Peter MacDonald.

Mais órgãos

Diferentemente de outros órgãos, o coração não é aproveitado após a chamada morte circulatória – quando cessam os batimentos cardíacos. O órgão é retirado e mantido no gelo por até quatro horas antes da operação.

Diversos métodos de aquecimento e fornecimento de nutrientes são usados para manter outros órgãos, como o fígado e os pulmões, próprios para transplante.

O diretor médico de transplantes do sistema de saúde pública do Reino Unido, James Neuberger, disse que o uso de máquinas neste campo "é uma oportunidade de melhorar o número e a qualidade de órgãos disponíveis para o transplante".

Mas ele disse que "ainda é muito cedo para estimar quantas vidas podem ser salvas por transplantes a cada ano se essa tecnologia for adotada como prática padrão no futuro".

A Fundação Britânica para o Coração descreveu a técnica como "um desenvolvimento significativo".

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