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Médicos substituem cirurgia por "radiação pesada" para tratar câncer de mama

26 jun 2013 - 10h10
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Para evitar a realização de cirurgias, um centro médico do Japão começou a fazer testes clínicos de irradiação de "partículas pesadas" no tratamento do câncer de mama, método que até agora só era utilizado para tratar outros tipos de tumor.

"Antes de tudo, muitas mulheres não querem submeter seus seios a operações para a retirada de tumores", disse à Agência Efe a médica Kumiko Karasawa, diretora de tratamentos do Instituto Nacional de Ciências Radiológicas do Japão (NIRS, sigla em inglês), em Tóquio.

Normalmente, os tratamentos câncer de mama são feitos através de uma "combinação" entre um período de radioterapia convencional e/ou quimioterapia, seguido de uma cirurgia.

Mas, há duas semanas, o centro japonês realizou o primeiro teste clínico da história com raios de íons de carbono para tratar uma paciente com câncer de mama.

A mulher se submeteu ao que deverá se tornar o procedimento padrão para a doença: quatro sessões de radioterapia de partículas pesadas durante quatro dias consecutivos.

A instituição responsável acompanhará, durante cinco anos, a evolução de qualquer paciente que se submeta ao tratamento experimental, assim como tem feito com a mulher que já recebeu o novo tipo de radioterapia, afirmou a diretora do NIRS, Kumiko Karasawa.

Para realizar o teste, o NIRS utilizou seu acelerador hospitalar de íons pesados (HIMAC, em inglês), que foi a primeira máquina deste tipo fabricada no mundo, em 1994.

No total, mais de 7,3 mil pacientes do mundo todo se submeteram desde então a radioterapias com o HIMAC para tratar diferentes tipos de tumores.

A vantagem deste tipo de tratamento é a baixa agressividade da radiação quando atinge a superfície do corpo. No entanto, ao chegar ao tumor, ela ganha intensidade e age de uma maneira muito mais precisa e localizada, ao contrário de outros tipos de radioterapia, que causam mais danos aos tecidos adjacentes.

Para receber esse tipo de tratamento, o paciente deve permanecer recostado até que o feixe radioativo seja calibrado com total precisão antes de ser aplicado durante um ou dois minutos. Ele é muito comum no combate ao câncer nos ossos, pulmões, fígado, cérebro, pescoço e próstata.

Para se submeter a estes testes clínicos no NIRS as mulheres devem ser maiores de 60 anos (uma idade na qual um processo cirúrgico apresenta mais complicações) e ter um "tumor localizado" (sem metástases) com um tamanho inferior a dois centímetros.

Embora seja gratuito na fase experimental, um tratamento com partículas pesadas não é barato.

Os pacientes que utilizam esta sofisticada tecnologia, que depende de um dispositivo que ocupa um espaço equivalente à superfície de um campo de futebol, gastam em média 3,14 milhões de ienes (cerca de R$ 72 mil), já que a previdência japonesa não cobre os tratamentos de "medicina avançada".

Para os estrangeiros, os custos podem chegar a 5 milhões de ienes (quase R$ 115 mil).

Além do espaço necessário para o acelerador de partículas, "a principal desvantagem deste tipo de radioterapia é alto custo para construir e manter as instalações", afirmou Kumiko.

O HIMAT custou 33 bilhões de ienes (R$ 757 milhões) e demorou dez anos para ser construído. Por isso, não é surpresa que só existam sete aceleradores médicos de íons de carbono no mundo todo. Quatro estão no Japão e os outros três se encontram em Heidelberg (Alemanha), Pavia (Itália) e Lanzhou (China).

No entanto, novas unidades já estão sendo construídas no Japão, China, Taiwan e Coreia do Sul. Também terão outros quatro na Europa: dois nas cidades alemãs de Marburg e Kiel, um em Lyon (França) e outro em Viena (Áustria).

EFE   
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