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Microcefalia ocorre em 1 de cada 100 casos de grávidas com zika, diz estudo

15 mar 2016 - 22h07
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Uma em cada cem mulheres infectadas pelo zika vírus durante o primeiro trimestre de gravidez corre o risco que o feto desenvolva microcefalia, indicou um estudo publicado nesta terça-feira pela revista britânica "The Lancet".

O trabalho do Instituto Pasteur, baseado em dados obtidos durante um surto de zika na Polinésia Francesa entre 2013 e 2014, reforça a hipótese de que existe uma relação de causa entre o vírus e alguns problemas neurológicos.

A microcefalia, uma condição associada a uma redução do tamanho do crânio e do cérebro, afeta 2 de cada 10 mil recém-nascidos na Europa e no Brasil, conforme o estudo, o primeiro que quantifica o risco de o zika vírus provocar má-formação do fetos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou na última semana que ainda não há provas definitivas que indiquem que o zika seja responsável por provocar microcefalia e a síndrome de Guillain-Barre, apesar de ter admitido que novos testes cada vez mais sugerem haver uma ligação entre o vírus e as doenças.

O pesquisador Simon Cauchemez e seu grupo avaliaram os dados coletados na Polinésia Francesa durante sete meses, período no qual mais de 31 mil pessoas receberam atendimento com sintomas que indicavam uma infecção por zika.

Durante o surto e nos meses posteriores, foram identificados oito casos de microcefalia, cinco dos quais terminaram em um procedimento médico para abortar. Os três bebês que nasceram tiveram má-formação.

Os pesquisadores do Instituto Pasteur usaram modelos matemáticos e estatísticos para estimar o risco de o feto sofrer microcefalia, a partir de variáveis como o número de casos detectados durante o surto, os pacientes suspeitos de estarem com a doença a cada semana, as análises de sangue que confirmam os casos positivos e a quantidade total de mulheres grávidas no período.

A conclusão indica que a infecção durante o primeiro trimestre da gravidez aumenta o risco de provocar má-formação do feto. A estimativa sugere que 95 de cada 10 mil mulheres contaminadas nos três primeiros meses de gestão estão expostas a essas complicações (aproximadamente uma em cada cem).

"As informações coletadas na Polinésia Francesa são particularmente importantes, porque o foco já se deu por concluído. Isso nos permite reunir um conjunto de dados que, embora pequeno, é mais completo do que pode ser obtido a partir de um surto que ainda está em andamento", afirmou Arnaud Fontanet, coautor do estudo.

"Nossas conclusões apoiam as recomendações da OMS para que as mulheres grávidas se protejam das picadas do mosquito. Mas ainda precisamos de mais pesquisas para compreender como o zika pode provocar microcefalia", completou o pesquisador.

Em artigo também publicado pela revista britânica, a brasileira Laura Rodrigues, professora de Epidemiologia de Doenças Infecciosas na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, afirma que o maior risco durante os primeiros três meses da gravidez é "biologicamente plausível dado os períodos de desenvolvimento cerebral" dos fetos.

EFE   
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