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Mosquitos transgênicos são usados no combate a dengue e zika em Piracicaba

27 jan 2016 - 15h22
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Uma legião semanal de 800 mil mosquitos Aedes aegypti transgênicos é usada para neutralizar, em Piracicaba (SP), exemplares da mesma espécie que são transmissores dos vírus da dengue, da febre chicungunha e do zika e que colocaram em xeque as autoridades de saúde no Brasil e em outros países da América Latina.

Ao contrário de outros mosquitos, o Aedes aegypti "bom", como alguns o chamam, é bem-vindo em Piracicaba, onde os moradores do bairro Cecap-Eldorado convivem há um ano amigavelmente com esta versão do inseto.

O mosquito "bom", criado pela empresa inglesa Oxitec, foi modificado geneticamente em 2002 para impedir a expansão territorial do Aedes aegypti e há um ano começou a ser utilizado para conter o aumento da dengue na cidade paulista de 460 mil habitantes.

Uma caminhonete carregando milhares de mosquitos percorre diariamente o bairro Cecap-Eldorado, onde há dois anos foram registrados 80% dos casos de dengue no município. A doença era o principal cavalo de batalha das autoridades sanitárias antes da chegada do zika, um vírus que relacionado com o aumento dos casos de microcefalia em recém-nascidos no Brasil.

Os mosquitos transgênicos, cuja comercialização ainda está pendente de aprovação por parte dos órgãos reguladores, cruzam em liberdade com as fêmeas da versão que pode transmitir as doenças e transmitem o "gene letal" a seus descendentes, fazendo com que a nova geração de mosquitos morra antes de chegar à fase adulta, diminuindo assim sua população.

De acordo com a Oxitec, nos últimos oito meses as larvas de Aedes aegypti diminuíram 82% no bairro onde foi usado o inseto modificado geneticamente, e o número de casos de dengue passou de 133 para 1.

O sucesso do projeto piloto, realizado tanto pelos especialistas como pelos moradores de Piracicaba, chamou a atenção de outros municípios em luta contra estas doenças.

"Há um grande número de municípios que estão entrando em contato conosco. A avaliação foi extremamente positiva", disse à Agência Efe Sebastião Amaral Campos, agente da secretaria de Saúde de Piracicaba.

O município recorreu aos serviços da Oxitec "como alternativa" diante do "fracasso" dos métodos tradicionais para combater o mosquito, conhecido por pôr os ovos em água limpa e parada.

Antes de soltá-los, os insetos modificados geneticamente são minuciosamente tratados em um laboratório, onde são reproduzidos os "tataranetos" da primeira geração de mosquitos transgênicos, segundo a supervisora de produção da Oxitec, Karla Tepedino.

Na fase de pupa, os machos e as fêmeas do Aedes aegypti são separados em função de seu tamanho. Posteriormente, as fêmeas são descartadas, e os machos são criados até a fase adulta para finalmente serem soltos.

O projeto piloto do bairro Cecap-Eldorado, que teve um custo "simbólico" de R$ 150 mil, será ampliado à área central de Piracicaba, por onde passam diariamente 60 mil pessoas.

EFE   
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