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Novas diretrizes tentam reduzir número de cesáreas nos EUA

14 abr 2014 - 13h17
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A preocupação com a alta taxa de cesarianas nos Estados Unidos levou à publicação recente de novas diretrizes sobre o tema por duas das principais sociedades médicas do país.

Atualmente, um em cada três partos realizados nos Estados Unidos é feito por meio da cirurgia e essa taxa vem aumentando desde 1996.

Por isso, em fevereiro deste ano, o American College of Obstetricians and Gynecologists (Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia, ou ACOG, na sigla em inglês) e a Society for Maternal-Fetal Medicine (Sociedade de Medicina Materno-Fetal, ou SMFM) divulgaram em conjunto uma série de novas recomendações.

Os órgãos pediram aos médicos para esperar mais pelo nascimento do bebê durante o parto normal e para que eles tentem outras alternativas para ajudar no parto antes de recorrer à cesárea.

"Muitas mulheres podem simplesmente precisar de um pouco mais de tempo em trabalho de parto para dar à luz de maneira natural", diz Aaron Caughey, membro do comitê responsável pelas novas diretrizes.

Recomendações

Entre as recomendações estão a de que os médicos usem pressão externa para tentar reposicionar o bebê quando este não estiver de cabeça para baixo, em vez de recorrer imediatamente à cesárea.

O documento também afirma que médicos não devem optar pela cesariana automaticamente em casos em que o bebê for muito grande.

Segundo as diretrizes, é preciso permitir que a mulher faça força para empurrar o bebê por pelo menos duas horas, se já tiver dado à luz anteriormente, ou três horas, se for seu primeiro parto.

Em determinados casos, como quando há anestesia peridural, esse tempo pode ser ainda maior.

Outra recomendação é recorrer a técnicas que auxiliem na realização do parto normal, inclusive o uso de fórceps.

Crescimento

As recomendações são dirigidas principalmente a mulheres que vão dar à luz pela primeira vez.

Segundo Caughey, a maioria das mulheres que têm o primeiro filho por meio de cesariana acaba repetindo o procedimento nos partos seguintes.

"É isso que estamos tentando evitar", afirma o médico.

Em 1996, a taxa de cesariana nos EUA era de 20,7%. Nos 13 anos seguintes, deu um salto de 60%, chegando a 32,9% em 2009 e permanecendo nesse patamar desde então.

Os números variam de Estado para Estado. O Kentucky tem a taxa mais alta, de quase 40% dos partos, enquanto a do Alasca é de 22,6%.

Salvar vidas

No documento, as entidades reconhecem que a cesariana pode salvar vidas, tanto do bebê quanto da mãe.

"No entanto, o rápido aumento nas taxas de cesariana de 1996 a 2011, sem clara evidência de redução concomitante em mortalidade materna ou neonatal, levanta expressiva preocupação de que a cesariana esteja sendo usada em demasia", diz o texto.

Segundo o documento, a taxa de mortalidade entre mulheres submetidas a cesariana é de 13 mortes em cada 100 mil mulheres, mais de três vezes maior do que em partos normais.

O presidente da SMFM, Vincenzo Berghella, reconhece que em alguns casos a cesariana é realmente a melhor opção.

No entanto, o médico diz que, na maioria dos casos, em que a gravidez é de baixo risco, "a cesariana pode representar um risco maior do que o parto normal", especialmente em relação a futuras gestações.

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