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OMS tentará melhorar preparo de países perante epidemias inevitáveis

24 ago 2015 - 12h32
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou nesta segunda-feira que realizará a revisão das normas sanitárias internacionais para corrigir os erros observados na resposta ao ebola e preparar o mundo para epidemias que inevitavelmente vão acontecer.

"O preparo para o futuro significa estar pronto para enfrentar uma doença muito grave transmitida pelo ar ou que possa ser passada durante o período de incubação, antes de a pessoa infectada mostrar os sintomas", disse a diretora geral da OMS, Margaret Chan, aos médicos e cientistas do comitê responsável pela revisão das regras.

O ebola, que causou uma grande epidemia que ainda prossegue na África Ocidental, só é transmitido por contato direto com os fluidos corporais de uma pessoa que já apresenta os sinais da doença.

"Nosso desafio é encontrar soluções que deixem o mundo mais bem preparado para o próximo e inevitável surto epidêmico", acrescentou ela, ao inaugurar os trabalhos de revisão que acontecerão nesta semana.

O surgimento de epidemias se transformou em uma ameaça maior devido às novas condições de vida, que multiplicaram e aceleraram o ritmo de viagens internacionais e de comércio entre países. Diariamente, 8,6 milhões de pessoas e mercadorias são transportadas em 100 mil voos, por um valor de US$ 17,5 bilhões.

A certeza de que as regulações atuais são insuficientes perante as novas epidemias surgiu quando a OMS reconheceu que cometeu erros, assim como os países, quando apareceu a atual epidemia de ebola que, diferente das 22 anteriores, foram contidas em até seis meses.

Quase um ano e meio depois da declaração de epidemia na Guiné, que se estendeu muito rapidamente a Serra Leoa e à Libéria, o vírus do ebola continua circulando nos dois primeiros países. Ao todo, 28 mil pessoas foram infectadas durante este surto, sendo que 11.300 morreram.

Nestas circunstâncias, Margaret pediu aos especialistas "estratégias corretivas" para não cometer os mesmos erros e lembrou que, embora muito grave, a epidemia do ebola não chegou ao "pior cenário" que podia acontecer.

As regulações sanitárias internacionais são as únicas normas estipuladas pelos países para responder de forma oportuna e efetiva a surtos infecciosos e outras emergências médicas. No entanto, oito anos depois de entrar em vigor, apenas 64 dos países-membros da OMS (194) são capazes de manter essas regulações.

O comitê a cargo da revisão terá a tarefa de pensar como dotar os países mais pobres de capacidades e infraestruturas mínimas para detectar focos de epidemia antes da propagação. Durante três meses, o ebola não foi detectado na Guiné, pois os casos eram equivocadamente diagnosticados como cólera ou febre de Lassa, situação que se repetiu depois em Serra Leoa.

Os cientistas também irão analisar como fazer com que as recomendações da OMS sejam respeitadas. Durante a epidemia de ebola, a entidade disse várias vezes que não era necessário impor restrições de viagem e comércio com os países afetados, apesar de vários governos e companhias aéreas terem feito o contrário.

Um último ponto que deverá ser corrigido é a ausência de um alerta formal de "risco de saúde". O fato disso não existir obriga à OMS a declarar imediatamente uma "emergência sanitária internacional", com as consequências que isto tem para os países envolvidos.

EFE   
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