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Pesquisador espanhol afirma que epidemia de Aids está perto de ser controlada

24 jul 2015 - 12h29
(atualizado às 13h28)
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O cientista espanhol Asier Sáez-Cirión, que apresentou em Vancouver, no Canadá, o promissor caso de uma paciente que controlou a infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) mesmo sem se medicar durante 12 anos, acredita que o mundo está "em um momento-chave na luta contra a epidemia".

"Se todo mundo infectado for diagnosticado e tratado, podemos conter a epidemia", explicou nesta sexta-feira Sáez-Cirión, professor no Instituto Pasteur de Paris em entrevista à Agência Efe.

Ele explicou que foi cumprida a ambiciosa meta de ter 15 milhões de pacientes em tratamento no mundo todo, especialmente graças ao maior acesso aos remédios nos países em desenvolvimento, mas "é preciso tratar mais 20 milhões de pessoas".

A nova meta é 90-90-90, ou seja, 90% de casos diagnosticados, 90% deles tratados e que o tratamento seja eficaz para 90%, resumiu.

"Se isso acontecer, a epidemia de HIV estaria completamente eliminada em 2030", previu Sáez-Cirión, que considera que "a epidemia começa a ser controlada porque nos países em desenvolvimento há um acesso (a fármacos) que não existia antes".

Já nos países mais avançados e com melhores serviços médicos, se constata um aumento dos níveis de infecção, porque o HIV já não é percebido como uma doença mortal e a população tem diminuído a proteção, lamentou.

"Existe um relaxamento nas campanhas de informação e prevenção. Houve um tempo em que foi uma prioridade absoluta e isto desapareceu, também na educação sexual nos colégios", criticou Sáez-Cirión.

O caso apresentado pelo cientista esta semana na reunião anual da Sociedade Internacional da Aids é o de uma jovem de 18 anos que foi infectada ao nascer e que deixou de tomar remédios antirretrovirais quando tinha seis. Depois de 12 anos, os resultados são promissores.

"O vírus está em seu genoma, mas não consegue se multiplicar. Existe um controle incrível da infecção", disse Sáez-Cirión.

O pesquisador começou sua carreira na Agência de Alimentos e Remédios dos Estados Unidos, já orientando suas pesquisas para o HIV, e chegou ao Instituto Pasteur em 2003 com a intenção de "encontrar pacientes ou grupos de pacientes que pudessem ter mostrado sinais de resistência ao vírus".

Em 2013 participou do "Estudo Visconti", que analisava pacientes que, após serem submetidos a um tratamento antirretroviral por três anos logo depois do contágio, foram capazes de controlar a infecção durante dez anos, em média, sem precisar de remédios.

Foi o mesmo ano em que foi divulgado o caso do "bebê Mississipi", um paciente nos EUA que teve remissão da infecção sem tomar medicamentos, embora somente por 27 meses.

A equipe de Sáez-Cirión buscou na base de dados de pacientes franceses desde 1986 mais casos que apresentassem algum tipo de resistência natural ao vírus e se depararam com a jovem que parece ter confirmado as suspeitas dos cientistas: existem pacientes cujo organismo consegue controlar o HIV.

"Claramente foi o efeito do tratamento e de tê-lo mantido durante tanto tempo", afirmou.

Mas esse estudo revelou ainda mais aspectos, como que nos dois episódios em que os remédios não foram administrados corretamente "o vírus se multiplicou muito rapidamente".

"Todos os casos de remissão que estudamos têm em comum o início do tratamento muito pouco tempo depois da infecção", acrescentou, junto com outros fatores, como a relação entre o tempo de tratamento e sua efetividade.

Sáez-Cirión calculou que só entre 5% e 10% dos pacientes tem predisposição para controlar o vírus, e por isso "não se recomenda interromper o tratamento".

"O tratamento que temos é muito eficaz. Salvou milhões de vidas e salvará mais milhões", ressaltou.

Seu objetivo agora é determinar "quais são os mecanismos de controle se não houver tratamento, estabelecer se estes estão determinados geneticamente e conseguir identificar e desenvolver novos tratamentos".

Os cientistas querem conseguir "marcadores preditivos para selecionar os pacientes que podem recomendar acabar o tratamento".

"O diagnóstico e tratamento precoce é sempre positivo para o paciente, pois permite eliminar as células infectadas e reduzir o efeito do vírus no sistema imunológico", advertiu Sáez-Cirión.

EFE   
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