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Que cheiro é esse? Saiba o que causa os odores corporais

Já parou para pensar o que está por trás desses problemas indesejáveis? Tenha certeza de que vai muito além de falta de cuidados com higiene

31 jul 2015 - 17h43
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Sabe quando seu colega de trabalho vem tirar alguma dúvida e você precisa oferecer uma bala para encarar o mau hálito? Já pegou um trem lotado e notou que alguém estava com o "desodorante vencido"? Não consegue entender porque seu irmão continua com chulé mesmo usando talco diariamente nos pés? É claro que os maus cheiros corporais podem ser reflexo de poucos cuidados, mas, acredite, alguns deles vão muito além da falta de higiente. 

Foto: iStock

Corrimento vaginal

Corrimento vaginal é umas das principais queixas das pacientes nos consultórios dos ginecologistas e consiste em um aumento da secreção da região. “A infecção é a sua principal causa, decorrente frequentemente de fungos e/ou bactérias. As causas não infecciosas podem até ser fisiológicas (normais), como durante o período ovulatório, ou mesmo processos alérgicos. Normalmente, o mau cheiro ocorre quando há uma inflamação e/ou infecção na região vaginal”, explicou a ginecologista Fernanda Araújo, do Hospital Bandeirantes. “Entre os micro-organismos mais comuns que podem trazer mau cheiro estão Gardnerella vaginalis, Trichomonas vaginalis e Candida albicans”, completou. 

Se não tratar a infecção, os sintomas podem se agravar, incluindo ardor, irritação, dor e coceira. “Pode causar quadro de inflamação pélvica com presença de abscesso (pus) na região de útero e ovários. Isso pode causar infertilidade devido ao comprometimento dos órgãos internos. E nas gestantes maior risco de parto prematuro”, completou a ginecologista e obstetra Milca Cezar Chade, da Clínica Chade. O tratamento depende da causa e pode contar com medicamentos de via oral e/ou vaginal. 

Os principais hábitos que ajudam a evitar o aparecimento de corrimentos, segundo Milca, são não fazer duchas vaginais; não utilizar perfumes na vulva ou lenços umedecidos; evitar roupas justas e muito apertadas, de material sintético; procurar não usar calcinhas fio-dental, que promovem um contato quase direto entre a região anal e genital, facilitando a proliferação de bactérias; usar calcinhas de algodão e acostumar-se a dormir sem calcinha, pois a vagina precisa “respirar”.

A ginecologista Fernanda lembra que maus odores vaginais também podem surgir devido à má higienização. “A pele e a mucosa da região dos genitais, assim como em outros locais, possuem descamação das células mortas. Se não higienizar adequadamente, pode aumentar a secreção nesses locais, inclusive acarretando em mau cheiro”, explicou. Higienize-se com água corrente e sabonete, fazendo movimentos circulares e que evitem trazer o conteúdo de perto da região anal para a região da vulva. “Não se deve esquecer das ‘dobrinhas’ entre os pequenos e grandes lábios e a região do clitóris. Nessas regiões, comumente se observa um material branco, pastoso e aderente, que, se não for removido, pode causar irritação e odores desagradáveis”, completou. Seque-se cuidadosamente com toalha de algodão seca e limpa. 

Foto: Reprodução

Chulé e CC

Quando tira os sapatos depois de um longo dia de trabalho, fica incomodado com o chulé? Apresenta cheiro ruim nas axilas, o famoso CC (cheiro de corpo)? Esses dois problemas são chamados de bromidrose. “O suor produzido pelas glândulas sudoríparas é inodoro, sem cheiro, mas pode se tornar fétido devido à ação de bactérias e fungos, produzindo ácidos graxos que originam o cheiro desagradável”, disse a dermatologista Silvia de Mello, da Clínica Ivo Pitanguy. 

Determinados hábitos (como não secar bem os pés e usar constantemente calçados fechados) e má higiene promovem a proliferação dos micro-organismos que se alimentam de pele e suor e provocam o odor característico. Pessoas que apresentam hiperidrose (suor excessivo) também têm mais chances de ter o problema. “Deve-se pesquisar diabetes e hipertiroidismo, que podem causar o aumento da sudorese, podendo levar à bromidrose, e também obesidade, uso de álcool e ansiedade. Acredita-se que o consumo em excesso de alho, cebola e pimenta possa favorecer a bromidrose”, comentou a médica. 

Uma alimentação saudável e regrada, e hábitos de higiene adequados podem prevenir e tratar o problema. A recomendação da dermatologista Silvia é lavar os locais duas vezes ao dia, sempre secando bem. Nos pés, vale até o uso de secador de cabelos não muito quente. Use sapatos limpos e preferencialmente arejados. Evite o uso contínuo dos mesmos calçados, lembrando que devem ser limpos e, se possível, ficar em lugar arejado durante a noite. Troque as meias diariamente, preferindo as de algodão. “Sugiro o uso de desodorantes efetivos nas axilas e pés normalmente e, quando há bromidrose, os mais intensificados, compostos por cloridróxido alantoinato de alumínio. Indico também um sabonete liquido antisséptico”, listou a médica. Se apresentar mau odor, procure um dermatologista para indicar o tratamento específico. 

Foto: Reprodução

Mau hálito

O mau hálito, chamado de halitose, gera um grande desconforto e constrangimento. Esse problema pode ter origens variadas. A saburra lingual (placa bacteriana esbranquiçada, que também pode ter coloração amarelada ou amarronzada, que se forma no fundo da língua) é a principal causa. Por isso, realizar a higiene bucal corretamente, incluindo a da língua, é fundamental. “Aposte na escovação e fio dental duas vezes ao dia. Escove a parte de trás da língua evitando machucá-la, apenas removendo a camada de muco. Escove os dentes depois de ingerir alimentos com odor forte”, ensinou o dentista Mário Groisman, mestre em ciências dentais pela Universidade de Lund, na Suécia, e membro da Academia Brasileira de Odontologia.

Na saburra, também podem se instalar micro-organismo que não produzem odor, mas que podem provocar outras doenças, como alertou Olinda Tarzia, doutora em bioquímica pela Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB-USP) e professora de graduação da disciplina de halitose da FOB-USP e da primeira turma de especialização em halitose no mundo, na Faculdade São Leopoldo Mandic, em Campinas. “Quando nessa placa se instala o H. pylori e começa a se proliferar, vai para o estômago e pode se iniciar uma gastrite por H.pylori. A contaminação da cavidade bucal (na língua, nos dentes e periodonto) é bastante frequente. Se o paciente tratado de gastrite não aprender a limpar a língua e reduzir essa contaminação a valores bem baixos, pode haver recidiva da doença”, disse. 

Disfunção das glândulas salivares também pode levar ao mau hálito. “Por estarem salivando abaixo do ideal (hiposalivação), vão produzir uma saliva muito concentrada em mucina, uma proteína salivar que confere à saliva o poder de lubrificação. Essa mucina em excesso provoca inicialmente a aderência de bactérias sobre a língua. Quando o paciente for contaminado pelas bactérias produtoras de odor (compostos sulfurados voláteis), elas se instalam e, se não for tratado, aí permanecem proliferando e provocando mau hálito”, comentou Olinda. Entre as dicas da profissional estão ingerir alimentos mais duros, que exijam bastante mastigação, e com sabor azedo (como limão), para estimular a salivação. “Os chicletes pode ser de muito boa ajuda. Se não for suficiente, procurar um dentista capaz (nem todos estão capacitados para esse tratamento) de resolver o problema”, completou. 

A halitose ainda pode estar relacionada a algumas doenças. “A doença do refluxo gastroesofágico pode ocasionar um retardo no esvaziamento do estômago, sofrendo fermentação pelas bactérias do estômago. Doenças do trato respiratório superior, como sinusite, rinite e amidalite, também por ação de bactérias podem gerar o mau hálito. A bronquite, ao acumular secreções no pulmão, faz com que as bactérias produzam gases mal cheirosos ocasionando o problema, agravado principalmente por pessoas tabagistas. Alguns pacientes diabéticos quando estão em cetose (pâncreas converte gorduras e ácidos graxos em corpos cetônicos), levando ao hálito cetônico. Insuficiência hepática, cirrose e câncer de estômago também podem levar ao processo de putrefação, em que são produzidas substâncias que não são excretadas, causando mau hálito”, listou o gastroenterologista Andrey Carlo, do Hospital Bandeirantes.

Foto: Reprodução

Flatulência

Gases intestinais são normais, mas, em alguns casos, podem ser excessivos (mais de 25 flatos por dia associados à distensão abdominal) ou com cheiro muito desagradável. “A flatulência com cheiro ruim e em excesso deve ser identificada e tratada, pois pode levar a pessoa a uma situação embaraçosa do âmbito social, além da distensão abdominal. Precisa-se identificar a causa para fazer o tratamento adequado”, disse o gastroenterologista Carlo. Entre elas estão dieta rica em fibras e açúcares com maior potencial para fermentação, intolerância à lactose, gastroenterite aguda, parasitoses como giardíase, doença celíaca (intolerância ao glúten), síndrome do intestino irritável pela alteração da motilidade intestinal e da sensibilidade à distensão pelos gases, doenças inflamatórias intestinais por má-absorção e neoplasias do trato digestivo.

Algumas dicas podem amenizar o problema, como mastigar bem os alimentos evitar uso excessivo de antibióticos e ingerir probióticos naturais. “Existem alguns remédios caseiros, como sementes de cominho após as refeições, beber chá de erva-doce, camomila ou anis, mastigar hortelã após as refeições. Porém é necessário um acompanhamento médico para fazer um diagnóstico preciso para tratamento adequado”, enfatizou o gastroenterologista.

Foto: Reprodução
Fonte: Terra
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