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Romenos usam mel e pólen para o tratamento de doenças

Segundo o último censo agrícola de 2010, a Romênia conta com 42 mil apicultores e 1,3 milhão de famílias de abelhas

12 abr 2014 - 11h50
(atualizado às 12h01)
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<p>"Estes seres minúsculos fazem maravilhas. Erguem montanhas e salvam a vida de seres humanos", diz idosa em tratamento contra a esclerose múltipla</p>
"Estes seres minúsculos fazem maravilhas. Erguem montanhas e salvam a vida de seres humanos", diz idosa em tratamento contra a esclerose múltipla
Foto: BBC News Brasil

Veneno de abelha para tratar a esclerose múltipla, pólen para a digestão, mel como cicatrizante. A Romênia é um país de vanguarda na apiterapia, uma medicina alternativa cujas raízes remontam à antiguidade. "A colmeia é a farmácia natural mais antiga e mais saudável", diz Cristina Mateescu, a dinâmica diretora do Instituto Romeno de Pesquisa e Desenvolvimento Apícola.

Médica alopata clássica durante anos, Mariana Stan com a apiterapia trabalha em Bucareste, capital da Romênia. Segundo a doutora, "cujos resultados são mais lentos, porém mais duradouros e profundos"."Na minha cidade, minha bisavó era curandeira e usava mel. Ela me inspirou", conta à AFP.

Em um país com valores rurais arraigados, muitas famílias continuam usando o própolis no inverno contra as dores de garganta e as doenças das vias respiratórias, enquanto o mel e o pólen são usados como estimulantes imunológicos. Todas as cidades têm seus "plafar", herbolários onde se criam produtos à base de plantas, mel, cera de abelhas e própolis. 

"A Romênia é pioneira em apiterapia, que reconheceu muito cedo como um componente da medicina científica", explica à AFP o professor americano Theodor Charbuliez, presidente da comissão de apiterapia Apimondia, uma federação que reúne apicultores do mundo todo.

Foram introduzidos, na formação médica clássica, módulos de apiterapia e o extrato de própolis, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento Apícola, foi reconhecido oficialmente como medicamento.

Este Instituto, fundado em 1974, emprega atualmente 105 pessoas. Além das pesquisas para garantir a saúde das colônias de abelhas locais, em particular a "Apis Mellifera Carpatica", comercializa uns trinta produtos homologados.

Estudos sobre a apiterapia

Apesar da falta de estudos científicos que demonstram os efeitos positivos do veneno da abelha e do ceticismo da medicina clássica, muitos pacientes em todo o mundo elogiam este método alternativo.Os defensores da apiterapia estimam que a indústria farmacêutica poderia ver com maus olhos estes tratamentos, em geral bastante baratos. 

O interesse da medicina nas abelhas cresce apesar desse receio em todo o mundo. Em 2013, a universidade americana Washington, de Saint-Louis (Missouri) publicou um estudo sobre a eficácia da melitina (toxina contida no veneno da abelha) nos tratamentos contra o vírus da Aids.

Segundo o último censo agrícola de 2010, a Romênia conta com 42 mil apicultores e 1,3 milhão de famílias de abelhas.

Tratamento com mel

Bucareste também abriga um centro médico de apiterapia, o primeiro aberto no mundo, em 1984. Doina Postolachi vai duas vezes por semana tomar injeções de veneno de abelha (apitoxina). Aos 34 anos, esta poetiza de olhos de um azul intenso "recuperou a esperança" em sua luta contra a esclerose múltipla. Doina as olha com "imensa gratidão". "Estes seres minúsculos fazem maravilhas. Erguem montanhas e salvam a vida de seres humanos", justifica.

O veneno é coletado de forma suave, sem matar as abelhas, explica, aliviada. Doina nunca quis se submeter a tratamentos químicos clássicos, "que têm muitos efeitos colaterais". "Há um ano, não conseguia caminhar, nem entrar na banheira. Meus pés estavam grudados no chão, mas hoje o tratamento com o veneno devolveu a força às minhas pernas, caminho, posso tomar banho", conta, feliz.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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