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Zika vírus presente na saliva! Seria o fim do beijo na boca?

Encontrado de forma ativa na saliva, o zika vírus gera dúvidas, mas especialistas garantem que o beijo na boca ainda está liberado

15 abr 2016 - 08h00
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No início do mês de fevereiro, a Fundação Oswaldo Cruz confirmou o que muitos temiam, o zika vírus está presente de forma ativa, ou seja, com potencial para infecção, na urina e na saliva dos seres humanos. Com base nisso, uma dúvida paira no ar; esse vírus pode ser transmitido através do beijo ou do compartilhamento de objetos pessoais como escova de dente e talheres?

Apesar de esse resultado ter sido obtido através de amostrar de pacientes com o vírus da zika e testes realizados em condições artificiais controladas, onde células humanas cultivadas em placas foram expostas às partículas virais isoladas dos fluídos, Rafael Nobrega Stipp, professor de Microbiologia da FOP-UNICAMP, acredita que ainda não há motivos para alardes, do contrário, a situação estaria caótica. 

É provável que a via de transmissão seguida do sucesso da infecção pela troca de saliva não aconteça ou aconteça de forma rara, pois, se acontecesse rotineiramente, estaríamos experimentando uma epidemia ainda maior”, diz o especialista
É provável que a via de transmissão seguida do sucesso da infecção pela troca de saliva não aconteça ou aconteça de forma rara, pois, se acontecesse rotineiramente, estaríamos experimentando uma epidemia ainda maior”, diz o especialista
Foto: ARENA Creative / Shutterstock

“A transmissão (passagem das partículas) pode ocorrer dependendo da quantidade de fluído trocado, mas o sucesso do vírus em infectar de fato e causar a doença na pessoa receptora é dependente de inúmeros fatores. É provável que a via de transmissão seguida do sucesso da infecção pela troca de saliva não aconteça ou aconteça de forma rara, pois, se acontecesse rotineiramente, estaríamos experimentando uma epidemia ainda maior”, diz Rafael. 

É bom evitar

Apesar da falta de resultados que comprovem a contaminação pela saliva, medidas de prevenção já podem ser tomadas. O Ministério da Saúde recomenda que hábitos de higiene como lavar sempre as mãos e usar álcool gel devem ser redobrados. 

“Além das recomendações usuais, baseado nessa nova descoberta, tem-se recomendado que pessoas com sistema imunológico debilitado e grávidas evitem o compartilhamento de copos, talheres e outros utensílios de ordem pessoal, por precaução”, diz o especialista.

O MS também recomenda que as gestantes evitem aglomerações. Os mesmos cuidados devem ser tomados pelas pessoas quem convivem com mulheres grávidas. 

Mas e quanto ao beijo, é melhor evitar também? Segundo o Ministério da Saúde, entre as medidas de prevenção não está o boicote aos beijos na boca! Ufa!

Dentes e boca a salvos!

Ainda também não há evidências que a pessoa infectada com o zika vírus possa desenvolver doenças bucais como a cárie ou as doenças periodontais. “Tanto a cárie como as doenças periodontais são causadas por infeções bacterianas em condições específicas de má higiene bucal”, diz Rafael que destaca que a higiene bucal deve ser diária e eficiente independente da presença do zika vírus. 

“Não temos estudos que indiquem se a escovação dos dentes e/ou o uso de enxaguantes bucais irão interferir na capacidade de transmissão e infecção do vírus presente na saliva. Muitos dos produtos destinados à higiene bucal possuem compostos com ação anti-microbiana que podem, teoricamente, afetar as partículas virais. A pessoa infectada pelo zika vírus deve manter a boa higiene bucal e, na presença de doenças bucais, procurar o dentista”, alerta Rafael. 

Fonte: Agência Beta Este conteúdo é de propriedade intelectual do Terra e fica proibido o uso sem prévia autorização. Todos os direitos reservados.
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