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'Sete Vidas' no Brasil? Veja 18 fatos sobre doação de sêmen

Diferente da novela global, identidade do doador no País é totalmente preservada e ato é voluntário; receptores pagam, em média, R$ 3,5 mil por amostra

30 mar 2015 - 16h43
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A novela Sete Vidas, nova trama das 18h da Globo, conta a história de seis meio-irmãos nascidos da mesma doação de sêmen que se encontram já adultos para descobrirem quem é o doador 251. No caso, o pai de todos eles é Miguel, personagem do ator Domingos Montagner, que se mudou para os Estados Unidos após a morte da mãe.

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O ator Domingos Montagner (Miguel) entre os seis atores que interpretam os filhos gerados da doação de sêmen que fez nos Estados Unidos: Maria Eduarda de Carvalho (Laila), Michel Noher (Felipe), Jayme Matarazzo (Pedro), Isabelle Drummond (Júlia), Ghilherme Lobo (Bernardo) e Thiago Rodrigues (Luís)
O ator Domingos Montagner (Miguel) entre os seis atores que interpretam os filhos gerados da doação de sêmen que fez nos Estados Unidos: Maria Eduarda de Carvalho (Laila), Michel Noher (Felipe), Jayme Matarazzo (Pedro), Isabelle Drummond (Júlia), Ghilherme Lobo (Bernardo) e Thiago Rodrigues (Luís)
Foto: Estevam Avelar / TV Globo / Divulgação

Este detalhe é importante porque se toda a história se passasse no Brasil e ele tivesse feito a doação por aqui este enredo seria impossível. Isso porque o País tem uma legislação diferente da americana em relação aos bancos de sêmen que, entre elas, inclui total anonimato de ambas as partes: o doador nunca saberá se o seu sêmen gerou uma criança e os filhos não têm nenhum acesso à qualquer informação sobre o doador. Além disso, é um ato totalmente voluntário para ajudar casais e mulheres com dificuldades de terem filho, por isso não envolve nenhum tipo de remuneração.

"O Brasil ainda não tem uma lei de reprodução humana, por isso trabalhamos respeitando as normas do Conselho Federal de Medicina e da Anvisa", explica o Dr. Alexandros Agellis, embriologista diretor do laboratório FIV do Instituto espanhol IVI, em São Paulo. "É apenas preciso ser saudável, concordar com anonimato e voluntariado e realizar todos os exames necessários", completa Dra. Vera Brand, diretora do Pro-Seed Banco de Sêmen.

Entenda melhor como funciona todo o processo de doação de sêmen no Brasil:

Doadores

1) No Brasil, a doação é voluntária, ou seja, não envolve nenhum tipo de pagamento ou ajuda de financeira de qualquer espécie para o doador. No entanto, ele não precisa arcar com nenhum custo para se candidatar à doação.

2) Qualquer homem saudável - que não tenha nenhuma doença de transmissão genética ou sexual - entre 18 e 45 anos pode doar. Mas esta faixa etária varia muito de clínica para clínica e pode ser comum barrarem voluntários com mais de 35 anos. Outra exigência é que os doadores morem num raio de 40km da clínica de reprodução assistida que dispõe de banco de esperma ou que tenham disponibilidade de ir ao local com regularidade.

3) Após agendamento, a primeira visita à clínica inclui uma doação inicial para análise, seguida de consulta médica e bateria de exames. Caso o voluntário passe pela triagem, é convocado para a doação regular.

4) Antes de qualquer coleta, realizada por masturbação pelo voluntário, é recomendada a abstinência sexual e de ejaculação de três a cinco dias para aumentar a qualidade do sêmen, conforme previsto pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A grande maioria das clínicas segue a sugestão, apesar de não ser obrigatório.

5) Elas também sugerem que álcool, drogas e outros tipos de substâncias ilícitas não sejam consumidas nos dias anteriores à visita a clínica. Não há nenhum tipo de jejum alimentar.

6) Apenas uma coleta é necessária para várias amostras, mas alguns bancos exigem uma quantidade mínima de doações, como uma a cada 15 dias ao longo de seis semanas, por exemplo. No entanto, caso o homem queira, não há limite legal para doações em um determinado período de tempo, desde que haja um intervalo de três dias.

7) Entre seis e sete meses após a coleta, o doador é obrigado a voltar à clínica para refazer todos os exames e garantir que não tem nenhuma doença. Este intervalo é estipulado pela Anvisa e necessário para respeitar a “janela imunológica”, caso alguma enfermidade que não tinha se manifestado, apareça.

8) Entre os exames, estão os sorológicos e microbiológicos, para detectar doenças sexualmente transmissíveis, além de testes genéticos, coleta de sêmen para espermocultura e avaliação clínica para avaliar estado de saúde e histórico médico familiar. No fim do processo, os voluntários recebem os resultados destes exames, inclusive a análise seminal.

9) Se, enfim, os exames não apresentarem nenhuma alteração, a amostra é liberada para uso e fica congelada por tempo indeterminado podendo chegar a 30 anos entre as opções do banco.

Receptores

10) As amostras são usadas por casais com dificuldades de terem filho, casais homoafetivos formado por mulheres e mães solteiras.

11) A intermediação entre o banco de sêmen e os receptores é feita pelas as clínicas de fertilização, que recrutam o material e a lista de características do doador de acordo com as exigências do cliente.

12) Os receptores costumam buscar opções de doadores com características mais próximas possíveis das suas, por isso não há um perfil fechado de voluntários já que a ideia é justamente ter a maior variedade possível.

13) Os interessados têm acesso as seguintes características dos doadores: tipo sanguíneo, etnia, origem étnica, religião, altura, peso, cor dos olhos, cor da pele, cor e textura do cabelo, hobby e ocupação.

14) Após a escolha, os receptores interessados em usar o material pagam, em média, R$ 3 mil e R$ 3,5 mil por cada amostra.

Regras

16) No Brasil, o anonimato do doador é assegurado com a assintatura do termo de doação. O receptor também registra o compromisso de respeitar esta exigência. O filho é legalmente dos receptores e a confidencialidade do doador e do receptor é mantida mesmo se a justiça for acionada.

17) Após a coleta das amostras, os voluntários não são informados se, quando ou como o material foi utilizado.

18) Em emergências, como doença do filho, o médico dele tem direto de ver as informações médicas do pai, no caso, o doador. Estes dados são guardados pelo banco de sêmen e disponibilizados sempre preservando o seu anonimato.

Fonte: Terra
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