Tratamento alcança 100% de proteção contra o vírus Ébola
Cientistas militares dos Estados Unidos trataram com sucesso o vírus Ébola em primatas depois da aparição dos sintomas dessa doença mortal, informou um artigo publicado nesta quarta-feira pela revista "Science Translational Medicine".
Os resultados são promissores para tratamentos contra o vírus que causa uma febre hemorrágica e que entre os humanos contagiados tem taxas de mortalidade de até 90%.
O vírus Ébola foi identificado pela primeira vez em 1976 no oeste do Sudão e em uma região próxima da qual é agora a República Democrática do Congo, após epidemias na área.
O vírus se transmite por contato direto com o sangue e os fluidos e tecidos corporais das pessoas infectadas. A transmissão começou pelo manejo de animais selvagens, como chimpanzés, gorilas, macacos, antílopes e morcegos, doentes ou mortos pela doença.
Segundo o autor principal do estudo, James Pettitt, do Instituto de Pesquisa de Doenças Infecciosas do Exército dos EUA, a equipe tinha demonstrado antes que o tratamento, conhecido como MB-003, protegeu todos os animais primatas, não humanos, quando foi administrado uma hora depois da exposição ao vírus.
A proteção alcançou dois terços dos animais que receberam o tratamento 48 horas depois da exposição, acrescentou o artigo.
No estudo, 43% dos primatas infectados se recuperaram após receber o tratamento por via intravenosa de 104 a 120 horas depois da infecção.
O projeto experimental desta vez foi muito diferente do trabalho anterior da equipe no sentido que os animais infectados não receberam o tratamento até que desenvolveram sintomas notáveis da doença.
O vírus Ébola, que causou várias mortes na África nos últimos anos e é uma ameaça para a saúde global, é considerado também um possível agente de guerra biológica.
Segundo os cientistas, o Ébola se replica rapidamente em níveis muito altos e afligem a capacidade do hospedeiro para combater a infecção.
Atualmente não há vacinas ou tratamentos para a prevenção ou a cura do vírus e os cientistas consideram que o MB-003 é um candidato promissor para o desenvolvimento.
O próximo passo, segundo o artigo, será o teste mais extensivo do tratamento para verificar se não é nocivo entre os animais, e, uma vez estabelecida essa inocuidade, será necessário prová-la em voluntários humanos.