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Tu Youyou diz que Nobel "é uma honra para a medicina tradicional chinesa"

6 out 2015 - 03h29
(atualizado às 09h15)
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A cientista chinesa Tu Youyou, agraciada nesta segunda-feira com o Nobel de Medicina por descobrir um novo tratamento contra a malária, compartilhou o mérito do prêmio com sua equipe e considerou que a distinção é "uma honra para a ciência e a medicina tradicional chinesa em sua tentativa de estender suas mãos para o mundo".

Tu se transformou nesta segunda-feira na primeira mulher chinesa a ser laureada com um Nobel em qualquer uma de suas categorias e na primeira cidadã do país a fazê-lo em Medicina.

Além disso, Tu estabeleceu um feito inédito ao basear suas pesquisas na medicina tradicional chinesa, uma disciplina que nem sempre é reconhecida no Ocidente devido a sua base empírica.

A cientista, de 84 anos, descobriu a artemisinina em 1969, um tratamento contra a malária que salvou milhões de vidas no mundo.

"A artemisinina é um presente da medicina tradicional chinesa para a população mundial", destacou a doutora em Pequim na segunda-feira pela tarde, quando representantes do governo a visitaram para parabenizá-la, segundo publicou a agência oficial "Xinhua" na madrugada desta terça-feira.

De forma humilde, Tu detalhou que "a descoberta" desse tratamento "é um exemplo bem-sucedido de uma pesquisa coletiva em medicina tradicional chinesa", compartilhando o mérito com seus companheiros, depois que, no passado, alguns deles a criticaram por, supostamente, "se apossar" dessa conquista.

O descobrimento de Tu remonta às suas pesquisas nos anos 1960 e 1970, em plena Revolução Cultural, quando os cientistas eram considerados contrarrevolucionários e não eram permitidos de continuar com suas pesquisas.

No entanto, o ditador Mao Tsé-tung deu o aval para que Tu investigasse um tratamento contra a malária e ajudou a financiar seu trabalho devido ao elevado número de mortes que a doença estava causando no sul do país.

Tu se deparou com sua descoberta graças a um livro de 1.300 anos de idade que encontrou na ilha de Hainan, no sul do país.

Naquele manuscrito de mais de mil anos da medicina tradicional chinesa, que é baseada na tentativa e erro e em experiências que foram sendo descritas nos livros ao longo da História, se destacava que o absinto chinês (artemisia annua) era considerado pelos moradores da região como um bom remédio contra a febre, um possível sintoma da malária.

Então, Tu, com apenas 39 anos, conseguiu isolar o princípio ativo dessa planta, a artemisinina.

"A inspiração da medicina tradicional chinesa" foi importante, disse o presidente do Comitê do Nobel de Medicina e Psicologia, Juleen R. Zierath, em entrevista exclusiva com a "Xinhua".

No entanto, Zierath ressaltou que o realmente importante foi que Tu "identificou o agente ativo no extrato da planta" e destacou o papel da química moderna e da bioquímica para se chegar a essa substância.

EFE   
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