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América Latina registra aumento de abortos após zika

23 jun 2016 - 14h53
(atualizado às 16h07)
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Os pedidos de pílulas abortivas em alguns países da América Latina sob alerta pelo vírus da zika dispararam, apesar de na maioria dos casos a interrupção da gravidez ser extremamente limitada pela lei, segundo um estudo do New England Journal of Medicine.

Pichação nas paredes da Catedral da Sé contra o projeto de lei de Eduardo Cunha (PMDB) que tipifica como crime contra a vida o anúncio de meio abortivo
Pichação nas paredes da Catedral da Sé contra o projeto de lei de Eduardo Cunha (PMDB) que tipifica como crime contra a vida o anúncio de meio abortivo
Foto: Arquidiocese de São Paulo

O aumento dos pedidos de pílulas abortivas subiram de 36% a 108%, algo que os pesquisadores consideram inédito em comparação com dados prévios aos alertas sobre o vírus da zika emitidos em novembro pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).

Esse alerta desencadeou recomendações de governos da América Latina, que pediram que as mulheres evitem ficar grávidas pelo risco de o feto desenvolver microcefalia.

Os cientistas analisaram a progressão entre 2010 e março deste ano dos pedidos de pílulas abortivas, uma das poucas opções que existem para praticar o aborto, à "Women on Web", uma ONG que fornece medicação abortiva fora dos sistema tradicionais de saúde em lugares onde o aborto não é uma opção universal.

"Nos países latino-americanos nos quais foram emitidos alertas para mulheres grávidas sobre complicações associadas ao contágio do vírus da zika, houve um aumento significativo de pedidos à 'Women on Web'", conclui o estudo.

O relatório divide os países latino-americanos entre aqueles que tiveram casos autóctones de transmissão de zika e os que não, assim como aqueles que emitiram recomendações para evitar gravidez e os que não fizeram.

Entre aqueles países com infecções de zika em seu território e avisos de saúde públicos, Brasil e Equador lideraram a lista com 108% de aumento dos pedidos de pílulas abortivas em ambos casos, frente ao nível estatístico esperado em condições normais antes do alerta da OPAS.

A Venezuela apresentou um aumento de 93%, seguida por Honduras (76%), Colômbia (39%) e Costa Rica e El Salvador, ambos com 36%.

Entre aqueles com casos de transmissão da zika locais, mas sem recomendações públicas para evitar gravidez, os aumentos foram em geral menores, com 68% na Bolívia, seguida pela Nicarágua e Paraguai (24%), e Panamá (21%).

Os pesquisadores reconhecem que além da "Women on Web", as grávidas latino-americanas que querem interromper a gravidez por temor ao zika podem estar também recorrendo ao mercado negro ou outros modos para obter as pílulas.

EFE   
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