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América Latina registra redução da fome aumento da obesidade

19 jan 2017 - 16h32
(atualizado em 20/1/2017 às 16h13)
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América Latina e o Caribe conseguiram grandes avanços na redução da fome, mas registraram um preocupante aumento do sobrepeso, que afeta quase 60% dos habitantes da região, indicou a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em relatório divulgado nesta quinta-feira em Santiago.

O sobrepeso tem um maior impacto nas mulheres e é observado em maior incidência nas crianças, detalha a FAO no relatório "Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e no Caribe", elaborado junto à Organização Pan-americana da Saúde (OPAS).

Segundo a FAO, 58% dos habitantes da região, o que equivale a 360 milhões de pessoas, têm excesso de peso.

"É um fenômeno muito preocupante. Estes números aumentaram ao mesmo tempo em que diminuíram os números de pessoas com fome", disse ao apresentar o relatório Eve Crowley, representante regional adjunta da FAO.

Salvo no Haiti (38,5%), Paraguai (48,5%) e Nicarágua (49,4%), o sobrepeso afeta a mais da metade da população dos países latino-americanos e caribenhos. Os países com maior incidência são Bahamas (69%), México (64%) e Chile (63%), segundo o documento.

A obesidade, por sua vez, afeta 140 milhões de pessoas, 23% da população regional, e as maiores taxas foram registradas em países do Caribe: Bahamas (36,2%), Barbados (31,3%) e Trinidad e Tobago (31,1%).

Na América Latina e no Caribe também houve aumento na obesidade infantil, um problema que, de acordo com números do 2015, afeta 7,2% das crianças menores de 5 anos, 0,6% a mais que em 1990.

Este aumento foi mais intenso nos países caribenhos, América Central e no México, enquanto na América do Sul os números se mantiveram estáveis. Ainda assim, Paraguai e Argentina estão entre os países com maior taxa de sobrepeso infantil, perto dos 10%.

Segundo a FAO e a OPAS, o aumento do sobrepeso na região se deve às mudanças nos padrões alimentícios, incentivadas pelo crescimento econômico e a globalização.

"Nossos padrões alimentícios saíram das dietas baseadas em cereais, frutas, verduras e legumes para alimentos ricos em açúcares, sal e gordura", explicou Eve.

Um indicador que ilustra esta realidade é a venda per capita de produtos ultraprocessados. Segundo números da OPAS, México e Chile ocuparam o quarto e o sétimo lugar, respectivamente, em uma lista de 80 países que mediu a venda desse tipo de alimentos em 2013.

Segundo o relatório, a falta de acesso a alimentos saudáveis e nutritivos, na maioria dos casos por seu preço elevado, continua sendo um dos principais problemas associados à má alimentação.

Além disso, aumentou a incidência de patologias associadas ao sobrepeso, como o diabetes, problemas cardiovasculares e alguns tipos de câncer, advertiu Paloma Cuchí, representante da OPAS no Chile.

Para fazer frente a esta situação, a FAO quer promover sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis que envolvam a agricultura, alimentação, nutrição e saúde.

Os governos, como já aconteceu em vários países, devem incentivar medidas orientadas ao consumo, como regular a publicidade de comida pouco saudável e os rótulos dos alimentos, afirmou a representante regional da FAO.

"Se não agirmos agora, com políticas de Estado que assegurem um acompanhamento nos próximos anos, o problema em termos de crescimento econômico, de mão de obra, de estado de saúde e os custos para manter um sistema de saúde, será muito grave", advertiu Eve.

A alta do sobrepeso na América Latina e no Caribe se deu ao mesmo tempo da redução da fome na região, que atualmente afeta 5,5% da população, segundo números da FAO do período 2014-2016.

O Caribe é a região com maior porcentagem de pessoas que passam fome (19,8%), fundamentalmente no Haiti, que possui a taxa de crise de fome mais alta do planeta, com 53,4%.

A desnutrição infantil crônica também melhorou na região, com uma queda de 24,5% em 1990 para 11,3% em 2015, uma redução de 7,8 milhões de crianças.

A representante regional da FAO lembrou que a erradicação total da fome é um dos objetivos de Desenvolvimento Sustentável que a ONU formulou para até 2030, e considerou tais metas podem ser atingidas na próxima década.

EFE   
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