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Capacidade de adaptação do causador da malária é um desafio para a ciência

27 jun 2016 - 16h11
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O plasmodium vivax, o parasita causador de 16 milhões de casos de malária por ano no mundo todo, leva milhares de anos se adaptando às circunstâncias locais, uma capacidade que transformou essa espécie em um desafio para os cientistas que tentam encontrar vacinas e medicamentos para combatê-lo.

Há quatro tipos de Plasmodium que transmitem a malária aos humanos: o vivax, o malariae, o ovale e o falciparum (este último, o mais letal e comum na África). Os quatro juntos somam 400 milhões de casos de malária no mundo.

O com maior incidência e que melhor se adaptou às circunstâncias ao longo dos séculos é o Plasmodium vivax, segundo estudos publicados nesta segunda-feira na revista "Nature Genetics". Estes estudos servirão para saber um pouco mais sobre esta doença, sobre sua origem e difusão mundial, mas, principalmente, ajudarão a conhecer como este parasita está se adaptando às mudanças e está se tornando resistente aos remédios.

O primeiro trabalho, financiado pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID) dos Estados Unidos, sequenciou por completo o genoma de quase 195 tipos de Plasmodium vivax da América Latina e Ásia. O segundo, dirigido pelo pesquisador Dominic Kwiatkowski, do Wellcome Trust Sanger Institute (Hinxton), do Reino Unido, analisou o genoma de outros 200 tipos de plasmodium vivax, da Ásia e do Pacífico.

"Historicamente, o plasmodium vivax ficou em um segundo plano, atrás do mais letal, o plasmodium falciparum, mas este tipo é um grande peso para a saúde pública em muitos países", adverte o diretor do NIAID, Anthony S. Fauci.

O plasmodium vivax é o mais estendido no mundo, com presença na América Latina, parte da África e Ásia e Pacífico. Graças à grande quantidade de informação genômica proporcionada por estes estudos, "a primeira conclusão que se extrai é a grande diversidade genética deste parasita, que é muito mais diverso do que o falciparum", explica à Agência Efe o pesquisador do ISGlobal e coautor do estudo, Ivo Josef Mueller.

Provavelmente, esta diversidade genética responde às migrações humanas ao longo da história, e em como se distribuiu o parasita pelo mundo.

Assim, o estudo constata que os parasitas da América Latina são muito diferentes dos da Ásia, Madagascar e Índia e, provavelmente, "muito próximos" aos que havia na Espanha e em Portugal no século XVI - quando ainda havia muitíssima malária na Europa -, e que chegaram ao novo continente com os conquistadores europeus.

"Acreditamos que os parasitas da América Latina são os descendentes dos europeus, e por isso são tão diferentes aos da Ásia", afirma Mueller.

O estudo também constata que os parasitas de Madagascar e da Índia são muito diversos, provavelmente por serem áreas de passagem dentro da rota das especiarias.

No entanto, dentro da Ásia, o grande movimento de povos nos últimos 5 mil anos, fez com que neste continente os parasitas sejam mais parecidos, enquanto os de lugares como Papua Nova Guiné, no Pacífico, são tipos muito diferentes dos da Ásia.

EFE   
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