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Dúvidas científicas com relação à zika permanecem 1 ano após alerta de surto

26 out 2016 - 14h50
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Um ano após a comunidade médica alertar sobre um surto do vírus da zika que aparentemente provocava microcefalia no nordeste do Brasil, a epidemia se estendeu a 67 países, e a maioria das dúvidas científicas continuam sem resposta.

Segundo a mais recente apuração da Organização Mundial da Saúde (OMS), 67 países declararam ter transmissão ativa do vírus, e 56 registraram surtos.

Destes, 23 compatibilizaram casos de microcefalia e outras más-formações congênitas associadas com uma infecção por zika, e 19 registraram uma incidência maior de casos de Síndrome de Guillain-Barré (SGB), uma resposta imunológica que provoca paralisias dos órgãos, incluindo os pulmões.

Em entrevista coletiva, Boris Pavlin, responsável na OMS por analisar a incidência da zika, disse nesta quarta-feira que a comunidade científica não sabe ainda o que aconteceu para que uma doença que conviveu com os humanos desde 1947 começasse a ter efeitos tão graves como as más-formações congênitas ou a SGB.

A primeira epidemia que se tem notícia ocorreu em 2007 na Micronésia, mas não foram detectadas consequências perniciosas. No entanto, em 2013 houve um surto na Polinésia Francesa e, em retrospectiva, se pôde comprovar que as infecções por zika provocaram microcefalia e SGB.

A variação asiática do vírus, que é a que provocou as duas epidemias na Micronésia e na Polinésia Francesa, é a que chegou ao Brasil e de lá se expandiu por todo o continente americano. Ela se dividiu em pequenos subtipos, mas por enquanto os cientistas não puderam identificar o que mudou no vírus que possa explicar a mudança de comportamento.

Por exemplo, segundo Pavlin, foram detectados casos de microcefalia associada com a zika na Tailândia e no Vietnã, mas não se sabe se as infecções se devem a casos importados ou endêmicos, por isso não se pode saber se a variação original também tinha efeitos e estes não tinham sido detectados ou se "algo mudou".

Enquanto isso, os esforços globais de prevenção se intensificam, tanto para o controle do vetor - o mosquito "Aedes Aegypti", também transmissor da dengue, da febre amarela e da chicungunha - como para evitar a infecção através da imunização.

A respeito deste último aspecto, atualmente há duas vacinas em fase de desenvolvimento, uma criada por uma empresa sul-coreana e outra produzida por uma organização pública dos Estados Unidos, além de outras cujo progresso está mais lento.

Já as fontes de financiamento para o combate à zika escasseiam. A OMS pediu US$ 24 milhões para sua resposta à doença, dos quais ainda falta por receber US$ 19 milhões.

A entidade declarou no dia 1º de fevereiro que a zika e seus efeitos representam uma emergência sanitária de alcance internacional, um status que ainda se mantém.

EFE   
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