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EUA dão início ao maior estudo até o momento sobre cérebro dos adolescentes

16 set 2016 - 17h38
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Mais de 10 mil crianças de 9 e 10 anos serão alvo, durante uma década, do maior estudo científico a longo prazo sobre o cérebro adolescente já realizado nos Estados Unidos, informou nesta sexta-feira à Agência Efe uma das instituições que participam da pesquisa.

Patrocinados pelo Instituto Nacional da Saúde (NIH), que financiou especialistas nos campos da neurociência e no desenvolvimento adolescente, 19 centros de pesquisa distribuídos em todo o país farão um "registro do desenvolvimento biológico e comportamental dos participantes".

"Vamos ver os jovens como crianças e terminaremos os vendo como jovens adultos", afirmou à Agência Efe Raúl González, professor associado de Psicologia, Psiquiatria e Imunologia da Florida International University (FIU), um dos centros participantes do estudo Adolescent Brain Cognitive Development (ABCD).

Responsável pelo recrutamento para este estudo de menores residentes no sul da Flórida, González ressaltou que na adolescência começam problemas que depois se mantêm na vida adulta e, por isso, a pesquisa procura "entender o que contribui para um desenvolvimento saudável ou não saudável do cérebro".

"Usando tecnologia de vanguarda, vamos determinar como as experiências da infância, como esportes, videogames, redes sociais, padrões de sono não saudáveis e tabagismo, interação entre si e com a biologia na transformação de uma criança", explicou.

Com o tempo, a ideia é descobrir como tudo isso influencia no desenvolvimento dos cérebros dos jovens e, em última instância, em aspectos sociais, acadêmicos, de comportamento e de saúde, entre outros.

Os pesquisadores visitarão escolas públicas e privadas de todo o país, selecionadas pelo NIH, na busca da amostras de 10 mil meninos e meninas, que estarão representados em diversas origens, grupos étnicos e níveis educativos e econômicos.

A cada dois anos, em sessões de até 7 horas, os menores selecionados deverão comparecer a entrevistas e responder questionários, participar de jogos para estudar seu desenvolvimento cognitivo, entregar amostras biológicas e se submeter a uma sessão de ressonância magnética para obter imagens do cérebro.

Ao mesmo tempo, nos anos intermediários, serão feitas sessões mais curtas de não mais de 3 horas, além de acompanhamentos periódicos a cada 6 meses por telefone ou internet.

Apesar de as perguntas principais não serem resolvidas até a conclusão do estudo, em dez anos, os pesquisadores esperam que as informações coletadas ofereçam dados preliminares de grande utilidade para a comunidade científica e o público em geral.

Os resultados finais tearão "informações práticas" sobre o bem-estar dos menores a famílias, a diretores e professores de escolas, assim como a profissionais da saúde e legisladores, segundo explicou González.

Como muitos dos outros centros de pesquisa participantes do projeto ABCD, o FIU já iniciou a seleção de adolescentes no sul da Flórida, importante porção da amostra por sua variada população e suas características peculiares.

"Por ter uma rica e diversa coleção de indivíduos representados no amplo estudo, podemos garantir que os resultados da pesquisa podem ser aplicados ao máximo de pessoas possível", afirmou González.

No sul da Flórida, o especialista lidera uma equipe de 14 pessoas para a seleção das crianças, entre as quais se incluem especialistas em saúde mental infantil e trabalhadores sociais, além de psicólogos com ampla trajetória no campo do abuso de drogas e da neurociência cognitiva.

"A adolescência é uma fase de espetacular crescimento físico, emocional e intelectual. Durante a década passada, as técnicas de imagem que permitiram aos pesquisadores observar o cérebro de maneira não invasiva mostraram que também é um período de grandes mudanças na função e estrutura cerebral", disseram os promotores de ABCD no site do projeto.

Por trás do estudo está a CRAN, uma divisão do Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos EUA dedicada a pesquisas sobre dependências, razão pela qual a princípio tinha só como objetivo saber o máximo possível do cérebro dos menores antes e durante a fase de mais risco de estarem expostos ao tabaco e às drogas.

No entanto, o campo de pesquisa foi ampliado porque "sabemos que o uso de substâncias é só uma parte do panorama mais amplo do desenvolvimento adolescente", afirma o site do ABCD.

EFE   
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