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Problemas respiratórios em prematuro é maior preocupação de pais, diz enquete

6 nov 2015 - 14h11
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Pais de nascidos prematuros no Brasil têm entre suas maiores preocupações o desenvolvimento de problemas respiratórios nos bebês após o parto, em 32% dos entrevistados pela Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Prematuros (ONG "Prematuridade.com"), em enquete inédita.

Em um ranking da Organização Mundial da Saúde, o Brasil está entre os dez países com maior número de partos prematuros, e este foi o mês escolhido para a conscientização de um dos principais desafios do setor que busca soluções para problemas respiratórios, neurológicos e o acompanhamento dos recém-nascidos.

A enquete da ONG "Prematuridade.com" revela ainda que o momento mais difícil vivenciado pelos pais de prematuros é sair do hospital sem o bebê (26%) que continua hospitalizado após a alta da mãe do recém-nascido.

"As famílias ficam aflitas com a falta de informação sobre a saúde do seu bebê, que permanece em UTI", afirmou à Efe a fundadora e diretora executiva da ONG, Denise Suguitani.

Esse sentimento está demonstrado na enquete, que registrou a "desumanização" da UTI (18%), falta de apoio psicológico para os pais durante a hospitalização do bebê (16%) e falta de informação sobre a saúde geral de seu bebê (9%) como situações importantes para os pais de prematuros.

"Na enquete, muitos pais relataram bastante a falta de atenção que sofreram na situação desesperadora de ver o bebê à beira da morte, por isso acabam tendo muitas dúvidas e precisam deste olhar mais humano para o acompanhamento e ajuda", apontou.

A diretora da ONG também reiterou a falta de grupos de apoio aos familiares dos bebês prematuros, e também a ausência de um treinamento qualificado para profissionais de saúde no tratamento desta questão.

A pesquisa entrevistou cerca de 130 pais de recém-nascidos prematuros para marcar o mês de novembro que, no mundo, é o mês de atenção com a prematuridade, caracterizada pelo nascimento com menos de 37 semanas de gestação ou abaixo de 2,5 kg de peso.

Segundo dados do Sistema de Informações de Nascidos Vivos, Sistema Único de Saúde (SUS) e do Ministério da Saúde, nascem cerca de 40 bebês prematuros por hora, o que corresponde a 12,4 % da taxa de prematuridade, o dobro do índice de alguns países europeus.

"Me dei conta de que o problema que tínhamos era de atuação nessa área e encabeçamos como entidade social, já que a prematuridade é um grande problema de saúde pública", explicou à Efe.

De acordo com Suguitani, a função da enquete também é mostrar os problemas que os pais de bebês prematuros sofrem após o parto, e quais cuidados deverão ter em relação à higiene, exposição e vacinação dessas crianças.

Sobre a vacinação, no mês passado, a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIM) apresentou um novo calendário de vacinação e imunização para bebês prematuros, que serve de orientação para pais e profissionais de saúde.

"No Brasil, ainda temos uma grande disparidade em relação aos prematuros. Enquanto em algumas poucas regiões se observa um alto índice de sobrevivência (...) em outras a mortalidade é grande, por falta de cuidados adequados", afirmou o especialista e vice presidente da SBIM, Renato Kfouri.

Kfouri destacou que nas últimas duas décadas houve, no país, uma revolução na meotologia, pois os bebês prematuros estão "sobrevivendo e voltando para casa".

Para ele, é importante abordar a assistência diferenciada que esses bebês precisam ter desde nutrição à prevenção de doenças respiratórias que eles estão vulneráveis, além de um conjunto de doenças que podem ser consequência da baixa resistência.

O Brasil tem 56 % dos partos em sua rede privada do tipo "cesariana", e a especialista aponta este dado como uma das causas da prematuridade, já que após a descoberta da gravidez, as contagens se dão a partir da menstruação o que pode trazer uma margem de erro que não é considerada no agendamento do parto.

"Por uma besteira posso ter um filho prematuro, sendo que isso não tinha necessidade", destacou a diretora.

EFE   
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