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Reino Unido autoriza fecundação com DNA de três progenitores

Clínicas poderão aplicar a controversa técnica de fecundação com a qual esperam evitar doenças genéticas incuráveis.

15 dez 2016 - 11h42
(atualizado às 12h56)
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A Autoridade de Embriologia e Fertilização Humana (HFEA, sigla em inglês) do Reino Unido deu nesta quinta-feira sinal verde para a fecundação de bebês nascidos a partir do DNA de três progenitores, a fim de evitar doenças congênitas.

O regulador britânico permitirá a partir de agora que as clínicas do país solicitem as permissões necessárias para aplicar a controvertida técnica de fecundação, com a qual esperam prevenir nascimentos de crianças com doenças genéticas incuráveis.

Imagem representativa de fertilização in vitro
Imagem representativa de fertilização in vitro
Foto: iStock

A HFEA deverá autorizar cada caso de maneira individual antes que os procedimentos possam ser efetuados.

"Trata-se de uma decisão de importância histórica", afirmou hoje Sally Cheshire, presidente do órgão britânico.

Espera-se que a aplicação desse tratamento, aprovado legalmente no país em 2015 (faltando apenas a autorização definitiva da HFEA), vai ajudar 25 casais todos os anos a conceber um bebê saudável.

Uma equipe médica de Newcastle, no norte da Inglaterra, será a primeira que poderá oferecer este tipo de procedimento experimental, para o qual já solicitaram doadores de óvulos.

Esta técnica de reprodução assistida utiliza o DNA de três pais diferentes - do pai, da mãe e de um doador ou "segunda mãe" -, e permite que progenitores com mutações genéticas raras possam gerar filhos saudáveis.

O método pode ser realizado de várias maneiras, mas o autorizado no Reino Unido, denominado transferência pronuclear, implica a fertilização do óvulo da mãe, do de uma doadora e do esperma do pai.

Por esse procedimento, antes que os óvulos fertilizados comecem a se dividir em embriões, cada núcleo é retirado e, em seguida, se descarta o da doadora para substitui-lo pelo da mãe.

O bebê resultante desse processo conta com uma minúscula quantidade do DNA da doadora, mas tudo que define aspectos físicos e de personalidade procede de seus pais.

A aplicação dessa técnica, cuja ética foi questionada em vários setores, é permitida em casos onde se detecta a existência de um risco muito elevado de o bebê desenvolver uma doença mitocondrial.

"É muito gratificante que nossos muitos anos de pesquisa nesta área possam finalmente ser aplicados para ajudar as famílias afetadas por essas doenças devastadoras", disse hoje Mary Herbert, do Centro de Fertilização de Newcastle.

Em entrevista à emissora "BBC", Mary indicou que, a partir deste avanço para os tratamentos clínicos, serão necessários doadores de óvulos "para evitar que as mulheres afetadas transmitam a doença a seus filhos".

Os críticos deste método argumentam que a polêmica decisão abrirá as portas para os chamados bebês geneticamente modificados.

No dia 27 de setembro, a revista de divulgação científica "New Scientist" revelou o nascimento do primeiro bebê do mundo gerado através desse método de reprodução assistida.

Trata-se de uma criança que nasceu de uma mãe que é portadora da síndrome de Leigh, uma desordem mortal que afeta o sistema nervoso em desenvolvimento.

Nesse caso, os pais do recém-nascido, que eram jordanianos, foram tratados no México por uma equipe médica dos Estados Unidos.

EFE   
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