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Super resistente! Esmalte dental inspira aeronáutica

Composto essencialmente por um material inorgânico muito forte, esmalte dental é estudado para melhorar a estrutura de aviões e automóveis

15 jul 2016 - 08h00
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Se alguém perguntar qual é a parte mais resistente do corpo humano, o que você responderia? Ossos? Resposta errada! A parte mais forte do nosso corpo é o esmalte dental. Sua estrutura é tão forte que ela tem sido estudada por profissionais da aeronáutica que buscam matérias mais leves e resistentes para fabricar aviões. 

O resultado da pesquisa da aeronáutica mostrou que os dentes são feitos de um material que reage muito bem a grandes pressões evitando rachaduras maiores e quebras
O resultado da pesquisa da aeronáutica mostrou que os dentes são feitos de um material que reage muito bem a grandes pressões evitando rachaduras maiores e quebras
Foto: AXL / Shutterstock

Segundo João Paulo Pinto, cirurgião-dentista especializado em Periodontia, a composição do esmalte dental é essencialmente inorgânica (97%). “Ela possui um arranjo de cristais de hidroxiapatita (feitos de cálcio e fósforo) e apresenta apenas 3% de matéria orgânica como água e outras proteínas”, diz o especialista. 

E é exatamente essa predominância inorgânica que confere ao esmalte o título de substância mais resistente do corpo humano. E por que não são os ossos os mais resistentes? “Os ossos apresentam apenas 70% de compostos inorgânicos”, diz João. 

Mas você deve estar se perguntando: se ele é tão resistente assim, como que o açúcar e algumas bactérias invisíveis podem danificá-lo tanto? João responde: 

“Essa elevada resistência não o torna indestrutível, especialmente pelo fato de ele estar exposto a diferentes substâncias 24 horas por dia, o que não ocorre com os ossos. As bactérias da boca produzem ácidos, a partir da metabolização dos açúcares da dieta, que são capazes de desmineralizar o esmalte, gerando a cárie dental. Além disso, os componentes ácidos dos alimentos que ingerimos também são capazes de causar perda do esmalte (erosão ácida)”, diz o especialista. 

Resistência aeronáutica

Para os cientistas da revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, essa explicação de João é válida, mas ainda não explica como o dente resiste a tanta pressão, afinal, ao mastigarmos exercemos uma força de mais de 10 quilos sobre os alimentos. 

No estudo, os pesquisadores fizeram testes em dentes extraídos de pacientes para desvendar esse mistério. Para eles, o segredo estava na forma como as moléculas do esmalte dental se organizam. E eles estavam certos. 

O resultado mostrou que os dentes são feitos de um material que reage muito bem a grandes pressões, pois suas fibras não são dispostas na forma de uma rede, como nos materiais de fibra de carbono (usados em aviões modernos), elas são encontradas em forma de ondas. Mas o que isso quer dizer?

Bem, segundo os cientistas, isso quer dizer que quando submetido a grandes pressões, esse formato ondulado espalha a força toda (que eles chamam de estresse) de forma aleatória criando microfissuras que absorvem a pressão em conjunto, evitando rachaduras maiores e quebras. 

E não para por aí. O dente ainda tem uma vantagem adicional: ele é capaz de se recuperar das microfissuras. Com todas essas informações, os cientistas poderão pensar em novos materiais (mais resistentes e leves) para a estrutura de aviões e automóveis. 

Mantê-los resistentes

O melhor é que nós podemos adotar algumas práticas para deixar nossos dentes ainda mais resistentes. “O uso de pastas de dente com flúor é importantíssimo, pois os fluoretos são capazes de formar uma proteção (fluoreto de cálcio) conferindo maior resistência ao esmalte contra o desafio bacteriano”, diz João. 

Outro componente importantíssimo para manutenção do esmalte dental é a saliva. Esse líquido pode ser considerado um verdadeiro "medicamento natural" da boca. “A saliva é capaz de neutralizar os ácidos produzidos pelas bactérias, impedindo a desmineralização do esmalte”, diz o especialista. 

Cuidar da dieta também pode ajudar. É recomendado diminuir a ingestão de doces, alimentos ácidos como refrigerantes, isotônicos e até frutas cítricas para prevenir a erosão dental. 

Fonte: Agência Beta Este conteúdo é de propriedade intelectual do Terra e fica proibido o uso sem prévia autorização. Todos os direitos reservados.
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