Má saúde bucal pode ser reflexo de problemas familiares
Estudo aponta que famílias economicamente menos favorecidas e pais muito ansiosos e preocupados podem afetar a saúde bucal dos jovens
Bons exemplos dentro de casa, uma situação financeira estável e uma família estruturada trazem mais qualidade de vida do que você pode imaginar, inclusive quando o assunto é saúde bucal. Pelo menos é que diz um estudo feito pela Universidade de Gothenburg, na Suécia. Segundo essa pesquisa, uma má saúde bucal pode ser reflexo de problemas familiares.
Para chegar a esse resultado, os cientistas analisaram crianças e jovens em idades escolares com problemas bucais graves. Após a comparação com pessoas da mesma faixa etária que tinham a saúde bucal em dia, os pesquisadores perceberam que os problemas estavam associados a famílias economicamente menos favorecidas e a presença do medo de dentista entre os pais.
Mas não era só isso. A maioria desses jovens tinham pais separados, quase não tinham em sua agenda atividades de lazer e apresentavam mais problemas psicológicos do que os indivíduos que cuidavam da saúde bucal regularmente.
Já os pais dessas crianças foram classificados como muito ansiosos e preocupados e com algum grau de fobia quanto a consultas odontológicas. E claro, tudo isso era passado para os filhos.
Influência dos pais
Para evitar problemas mais sérios quando os dentes começarem a nascer, a prevenção odontológica infantil deve ser feita desde os primeiros meses de vida. Por isso, para Cláudia Christianne Gobor, cirurgiã-dentista e membro da Associação Brasileira de Halitose (ABHA), a participação dos pais no desenvolvimento dos cuidados com a saúde bucal de seus filhos é fundamental, mesmo que eles sejam separados.
“Depois de uma correta orientação do cirurgião dentista da criança, ou da família, estes procedimentos devem ser cobrados diariamente da criança/adolescente para que estes tenham uma saúde bucal perfeita longe de problemas odontológicos futuros. A educação em saúde bucal começa em casa, por isso os pais devem ser muito bem orientados nesta área”, diz a especialista.
Menos favorecidos
No entanto, Cláudia concorda que famílias menos favorecidas economicamente podem sofrer desvantagens nessa área. “Essas pessoas podem ter alguma falha na educação em saúde bucal por falta de esclarecimento dos pais já que muitas vezes as consultas ao dentista são adiadas só pra quando os dentes de leite começarem a cair”, diz a dentista.
Além disso, muitas vezes essas famílias não podem ir a um consultório particular e dependem de atendimentos no Sistema Único de Saúde. “Esse sistema encontra-se com hiper lotação e o profissional, com uma carga alta de procedimentos a cumprir, deixa de lado a orientação sobre prevenção, prejudicando assim a educação em saúde bucal das famílias menos favorecidas”, diz Cláudia.
Medo de dentista
O medo de dentista é um problema relativamente mais fácil de resolver porque os consultórios estão se equipando para receber esse tipo de paciente.
“Os ambientes odontológicos já são modificados a fim de passarem mais segurança e conforto ao paciente. Cadeiras com massagem, óculos onde passam filmes, fones com música e outros artifícios são utilizados para minimizar a ansiedade do paciente”, diz Cláudia.
Uma alternativa excelente para pacientes ansiosos ou com fobia é o uso de sedação com óxido nitroso, procedimento feito no próprio consultório, onde o paciente pode relaxar durante os procedimentos odontológicos sem perder a consciência e a reação a estímulos.
Outras medidas
Todas essas alternativas são super válidas, mas algumas vezes este medo, ou outros problemas psicológicos, têm que ser tratados mais profundamente com ajuda de um psicólogo ou psiquiatra e também com medicações administradas antes da consulta ao dentista.
E já é comprovado que promover às crianças e aos jovens momentos de relaxamento, lazer e prática de exercício traz qualidade de vida e saúde. Por isso, se você tem filhos, invista nessa área também!