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Tumores cancerígenos "sequestram" células sadias para fazer metástases

20 fev 2017 - 18h13
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As células tumorais utilizam o movimento de células sadias para fazer metástases, algo desconhecida até agora, segundo um estudo publicano nesta segunda-feira pela revista "Nature Cell Biology".

A pesquisa de uma equipe do Instituto de Bioengenharia da Catalunha (IBEC), liderado pelo cientista Xavier Trepat, define o mecanismo que utilizam as células cancerosas para escapar do tumor e se expandir a outras áreas do corpo através do "sequestro" de fibroblastos, células sadias que têm capacidade de movimento.

O tumor atrai os fibroblastos, que se ligam às células cancerígenas graças a duas proteínas que atuam como "ganchos", e as arrastam para fora do tumor, explicou Trepat.

Embora a interação entre células sadias e tumorais já tenham sido objeto de estudo, esta é a primeira vez que se demonstra que os fibroblastos utilizam a força física para movimentar as células cancerígenas.

A interação entre as proteínas que atuam como gancho, a N-caderina e a E-caderina, não tinha sido descoberta até agora, e "a maioria dos cientistas pensava que não podiam se unir", explicou Trepat.

"Identificamos este mecanismo em tumores muito diferentes, o que nos faz pensar que pode ser geral", apontou o cientista, que explicou que suas pesquisas foram feitas em cânceres de pulmão e de pele.

A união entre as duas proteínas, que provoca o "sequestro" das células sadias, não parece se dar em nenhum outro processo fisiológico, portanto, tentar interrompê-la, não afetaria nenhuma outra função vital, segundo os pesquisadores.

O principal desafio de um tratamento baseado neste descobrimento seria evitar a união entre as proteínas sem destruí-las em si, já que são componentes básicos que, entre outras funções, "nos dão forma", nas palavras de Trepat.

O cientista se mostrou "otimista" com a possibilidade de desenvolver um tratamento que interrompa as metástases, já que é "o que mata o paciente", embora tenha lembrado que "não há uma só causa" da expansão do tumor pelo corpo.

A equipe de Trepat trabalhou durante quatro anos nesta pesquisa, desenvolvida em parceria com a equipe do cientista britânico Erik Sahai no Francis Crick Institute.

Embora o estudo tenha sido finalizado há um ano, a revista "Nature Cell Biology" pediu mais dados que reafirmassem os resultados antes de publicar o artigo, o que os cientistas demoraram mais um ano para compilar.

Atualmente, um a cada dois homens e uma a cada três mulheres desenvolverá câncer, enquanto uma a cada cinco pessoas morrerão por causa desta doença, segundo dados expostos por Trepat.

EFE   
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