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Universidade russa desenvolve tecnologia para diagnóstico precoce de câncer

18 dez 2016 - 10h05
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Detectar o surgimento das primeiras células cancerosas no organismo humano, quando a doença ainda está longe de causar danos irreversíveis, será possível em breve, graças a uma inovadora tecnologia criada por engenheiros biológicos da Universidade Nacional de Pesquisa Nuclear MEPhI em Moscou, na Rússia.

Os pesquisadores do laboratório de Nanoengenharia Biológica da MEPhI desenvolveram nanosondas que, após serem introduzidas no corpo, são capazes de localizar e de se fixar a determinadas células cancerígenas, de tal maneira que estas são identificadas e ficam prontas para serem destruídas.

A prestigiada universidade russa, onde já trabalharam seis vencedores do Nobel de Física, apostou nos últimos anos em pesquisas pioneiras em nanomedicina, "nas quais são utilizadas partículas nanoscópicas para diagnósticos e tratamentos", explicou à Agência Efe o reitor da MEPhI, Mikhail Strikhanov.

A expectativa é que o sistema de diagnóstico com nanosondas chegue aos centros médicos em um prazo de entre dois e três anos, depois que todos os testes clínicos forem concluídos.

Agora os cientistas da universidade moscovita trabalham em uma radioterapia revolucionária que busca a máxima eficácia na luta contra o câncer com o mínimo prejuízo para a saúde dos pacientes tratados.

"Trata-se de criar um fármaco radioativo que possamos levar até o tumor através de uma nanopartícula sensível, capaz de fixar-se à parte do órgão que desejamos", detalhou Irina Zavestovskaya, diretora do Instituto de Engenharia Física e Biomedicina, integrado na estrutura da MEPhI.

A ideia é introduzir no remédio "um núcleo radioativo que vive por apenas algumas horas, que espreita o tumor, o propaga durante um tempo e depois se transforma em inócuo para o paciente", acrescentou Zavestovskaya, doutora em ciências físico-matemáticas.

As duas pesquisas se inserem no âmbito da teranóstica, um novo campo da medicina que funde diagnóstico e tratamento, e no qual os conhecimentos em física nuclear - nos quais a MEPhI se especializou historicamente - encontram várias aplicações.

"Criamos o Instituto de Engenharia Física e Biomedicina para trabalhar em sinergia com a física, a química, a engenharia e a biomedicina", ressaltou Strikhanov.

As tecnologias teranósticas desenvolvidas pelo Instituto, acrescentou o reitor da MEPhl, pretendem "fazer um acompanhamento em nível celular do efeito dos fármacos, da dinâmica das doenças e dos benefícios dos tratamentos".

"Acredito que esta união sinérgica entre engenharia, física e medicina tem perspectivas formidáveis", concluiu o reitor da universidade, na qual estudam cerca de oito mil estudantes na atualidade.

O centro docente tem a sua disposição "todas as tecnologias nucleares utilizadas na medicina contemporânea", ressaltou Strikhanov.

Os estudantes que se formarem no Instituto para a Biomedicina "não serão apenas médicos, mas também especialistas preparados em outros campos científicos importantes" para a medicina do futuro.

A MEPhI - fundada em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, como o Instituto de Mecânica e Munição de Moscou - conta com seu próprio reator nuclear de pesquisa, no qual são realizados vários experimentos que abrangem, entre outros âmbitos, a medicina nuclear.

O reator serviu para uma ambiciosa pesquisa experimental do chamado Tratamento por Captura de Nêutrons (TCN), um procedimento no qual a radiação ataca somente as células cancerosas e deixa intactos os tecidos saudáveis, que acabam sendo danificados nas radioterapias tradicionais.

Os cientistas habilitaram uma sala em uma lateral do reator nuclear para lançar radiação diretamente nos pacientes, e realizaram tratamentos em 40 cachorros afetados por dois tipos de câncer que respondem muito mal aos procedimentos convencionais.

O estudo, cujos resultados foram publicados na imprensa científica há vários anos, demonstrou excelentes resultados no tratamento do melanoma da cavidade bucal e do osteosarcoma, dois diagnósticos com previsões habitualmente negativas.

O melanoma da cavidade bucal foi erradicado em 78% dos casos, e apenas 14% dos cachorros que participaram do experimento apresentaram recaídas, um dado que chega a 90% com as técnicas tradicionais.

No caso do osteosarcoma, um câncer que se caracteriza pelo rápido crescimento e metástases, todos os animais foram curados da afecção em apenas dois meses.

EFE   
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