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Zika poderia infectar células envolvidas na formação craniana, diz estudo

29 set 2016 - 16h26
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Um estudo publicado nesta quinta-feira na revista "Cell Host & Microbe" revelou que é possível que a zika infecte as células das cristas neurais que formam os ossos e a cartilagem do crânio durante o desenvolvimento embrionário, o que poderia explicar a vinculação do vírus com a microcefalia.

Os autores da pesquisa, da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, não encontraram uma prova direta que comprove a hipótese, mas resultados de um experimento em laboratório com cultivos de células humanas sugerem esta possibilidade e uma nova linha de estudos a seguir.

O interesse pelas células das cristas neurais se deve ao fato de que, durante o desenvolvimento do embrião, elas são responsáveis por formar a maioria dos ossos e da cartilagem do crânio e comunicam com o cérebro em desenvolvimento. A hipótese levantada é de que a infecção das células das cristas neurais pelo vírus da zika possa afetar essa comunicação.

A descoberta, feita ao infectar em um tubo de ensaio as células humanas, "oferece um mecanismo potencial para explicar como as crianças nascidas com o vírus podem ter crânios menores do que normal e traços faciais desproporcionais".

Os pesquisadores também descobriram que a zika tem efeitos ligeiramente diferentes nas células das cristas neurais que formam o crânio se comparada as células progenitoras neurais, que são mais estudadas devido a sua conexão com a microcefalia. Enquanto o vírus mata rapidamente às células progenitoras neurais, a infecção de células das cristas neurais não leva a altos índices de morte celular. Por outro lado, a zika faz com que estas segreguem moléculas de sinalização que promovem a formação de novas células neurais.

Nos cultivos celulares, os elevados níveis destas moléculas foram suficientes para induzir uma prematura diferenciação, migração e morte das células progenitoras humanas.

"Além dos efeitos diretos da zika nas células progenitoras neurais e seus derivados, este vírus pode afetar o desenvolvimento do cérebro indiretamente, através de uma troca sinalizadora entre tipos de células do embrião. As células das cristas neurais são um exemplo, mas mecanismos como este talvez sejam também relevantes para outros tecidos que entram em contato com o cérebro em desenvolvimento durante a formação da cabeça e podem ser afetados pelo vírus da zika", explica uma das autoras do estudo, Joanna Wysocka, bióloga de Stanford.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou em 1º de fevereiro que as más-formações congênitas (principalmente microcefalia) e os transtornos neurológicos (Síndrome de Guillain-Barre) ligados ao contágio da zika constituíam uma emergência médica de alcance internacional, mas descartou incluir como tal o surto em si.

EFE   
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